Monday, December 31, 2007

Balanço 2007

Porque a maioria das vezes só se precisa de um olhar consolador, de uma voz serena, de um estar lado a lado no mais perfeito acompanhamento do ser. De sentir que estamos realmente acompanhados e não sentir um: 'sinto-me mais só do que sozinha'.

Este é o meu balanço, tenho dito! Feliz 2008…

Horas a fio.

O instante que foge.
A hora que morre.
A hora que nasce.
A ilusão do tempo.
O fio que escorre.
Que escorre e não se esgota.
Como água fria que se verte devagarinho.
E devagarinho molha toda a gente.
É a vida que escorre.

Sunday, December 30, 2007

In Rainbows



A minha próxima aquisição :)
Deixo-vos com um cheirinho de pura sensibilidade, que faz desta uma das minhas bandas preferidas.


Que Perfeição :)

Saturday, December 29, 2007

Porto de Abrigo.

Naquela hora as palavras não chegavam… não chegavam para preencher o compassado passar dos minutos. As palavras não carregavam a forma física do amor, nunca a carregaram aliás. Os actos em si também se tornavam insuficientes, pois não haviam sido criados pormenorizadamente para cada feito, mesmo tendo em conta as falhas dos ditos sentimentos. Os sentimentos falharam nos actos portanto, e as palavras, essas, foram esquecidas no tempo: os tais minutos cuja consistência não conseguia manter-se perfeitamente preenchida. O esquecimento em si metamorfoseou-se numa espécie de demência. Essa nova loucura resumira-se em mim pelo facto de que não parara de pensar sobre as palavras, sobre os actos, sobre as pequenas falhas e sobre os momentos que me faziam falta. Sobre o esquecimento que me levara ao desatino… (E assim sucessivamente, porque tudo isto não passava de um ciclo vicioso.) Sobre as horas… As horas que corriam e com elas nada traziam senão a nossa separação. As horas, meu amor, as horas entre nós. Talvez eu própria não me tenha apercebido do círculo em que me encontrara. Eu própria não percebera ainda que a natureza das poucas memórias tuas se havia enfurecido, e assim sendo, a minha mente, alma ou espírito (como lhe queiram chamar) desnorteara-se nos pontos de interrogação… Foram esses que passaram a guiar o meu caminho, a comandar-me. Eles turvaram a realidade. Eu deixara-me então ficar num mundo de sonho, resolvera perder-me por lá. Vivia a minha pseudo-realidade e magoava-me com ela. Que defeituosa e insuficiente ela me era! Era-me pouco ou nada. O que eu realmente precisava não era uma simples utopia mas sim o real. Não era a precipitação, o antecipar de situações, a ansiedade para que tudo desse certo desta vez que eu queria. Os pontos de interrogação, as incertezas e inseguranças, regressavam, regressavam porque começava a gostar. Começava novamente a sentir as palpitações do nosso chamado coração. O buraco que era buraco, porém que se estava a preencher finalmente. Não com as palavras, os actos, ou as promessas, mas simplesmente o sentir. O estar-se vivo e respirar, o estar se vivo e amar. Já não me bastavam as palavras ou actos que porventura escolhesse criar, queria somente podê-las ouvir e observar de um outro prisma, num outro corpo. De uma forma física que não a minha. Tinha de ser algo físico e palpável, necessitava ser corpo, mas ao mesmo tempo tinha de possuir uma alma. Tinha de permanecer em mim, não como uma passagem ou lembrança, não como uma batalha perdida ou um cansaço de luta, mas como uma constante segurança, aquela de quem ama e é amado.

O Silêncio destrói.


Ele:

“Não deixo de a abraçar um só momento. Não sei se é o medo de ela fugir de mim, ou se já a certeza de que quando o fizer, será de vez. Ela tem a mania irremediável de ser a mulher mais orgulhosa que alguma vez conheci!”


Ela:

“Sentia cada abraço dele como se fosse o último. É tudo tão efémero que até me apavora! Será este o último? Ele não parece querer largar-me…”


Ele:

“Este silêncio… tanto mói por dentro. Nada me fala, oh… como ela me despreza! O que estará a pensar afinal? Digo-lhe…? Digo-lhe que gosto dela como nunca gostei de ninguém e que é com ela que tenciono passar os restantes dias da minha vida?”


Ela:

“Não me larga mesmo… E é assim que eu quero continuar, enlaçada a ele como se não houvesse nada mais para valorizar. Ele gosta-me tanto que ate me sinto uma traidora, raios! Porque não consigo eu amar como ele? Será que isto que sinto é amar? O melhor é partir… eu não o mereço. Haverá certamente alguém melhor que eu para o conseguir fazer.”


Ele:

“Porque chora ela? É mesmo uma despedida… ela não me ama. Nada consegue sentir por mim. E nem palavras consegue encontrar para me despachar… por isso chora, de frustração, por não conseguir com toda a sua força maltratar-me.”


Ela:

“Gosto-o tanto… Atrevo-me a pensar o por mim sempre impensável: eu amo finalmente. O medo do amanhã desaparece, porque já o prevejo com um sorriso meu a seu lado. Mas pelos vistos não chega, porque nem dizer lho consigo! Ai, como ele me olha… é a culpa que sinto, deve ser isso.”


Ele:

“Como consegue ela ser tal fortaleza? Tão fria? Parece que nada importou até aqui…”


Ela:

“Nunca me irei esquecer dele.”


Ele:

“Era ela… Era a tal. Pelo menos até hoje o pensei. Mas afinal não o pode ser, ela não me gosta nem um pedacinho. Nem falar ela me consegue…”


(Afastaram-se de vez. Em silêncio. O mesmo silêncio de sempre. Desta vez para sempre.)


Wednesday, December 19, 2007

Pó de estrela.

Não sou mais corpo, lábios, braços ou destino. Sou antes a fraude de reflexo das expectativas, dos sussurros e dos gritos que derramas em mim... lutador peregrino, insaciável caminhante, cavaleiro, amigo e amante! Não mais me pertenço e me abrigo no derramar intenso destas lágrimas frias, quando desertificas de mim, a tua presença. Encontrasse eu as palavras certas para te dar sem ser as que te ofereço em forma de punhal. Encontrasse eu um pedaço de chão que te prometesse terra firme para plantar o teu futuro lar. Encontrasse eu a forma de matar os meus sonhos, de matar o vazio de mim, de matar a estúpida incapacidade patente de amar. Encontrasse eu em ti os meus novos sonhos e percursos estáveis que ambiciono percorrer... Encontrasse eu as palavras… as malditas palavras… as palavras certas para te falar de um sonho que me trouxesse de volta à terra de uma vez por todas e me levasse… me arrastasse em direcção aos teus braços abertos. Estou só. E é só que quero estar. Quero, porque sou pó, não sou estrela cadente como me intitulas, mas sim pó de estrela. Corpo morto do que foi outrora. Morto de luz, de vida. Sou pó e o pó não ama, o pó não sente. Quero enterrar estas cinzas que são o que sou. Enterrá-las para ninguém as chorar mais. Deixa-me morrer por aí, num canto bem longe de ti, num canto bem longe de todos.

Saturday, December 15, 2007

All I Need.

Do You Know How to Explain True Love?

Saturday, December 8, 2007

A Inefável.

Sobre o meu corpo pousou uma espécie de brisa dilacerante que golpeava e pintava as tristes e doces chagas em tons prateados de uma purpurina que seguia lealmente esse bafo. Corria um rio de prata, por mim, de mim e para mim, banhava os meus lençóis, a minha roupa, afogava a minha cara, escorria entre os meus cabelos e calava os meus olhos que choravam num pranto incolor e seco. Estava ali, cheia de confiança mas tão impotente. As minhas mãos, frias e lânguidas mexiam e dançavam em movimentos extasiantes, coreografados de um outro tempo, de um outro lugar, mexiam como se tocassem, mexiam como se o tacto as mostrasse de forma maternal de que estavam ainda vivas; que beleza arrojada me haviam oferecido! O brilho vertido deslumbrava as íris dos meus olhos e assim, começaram por subir à tona da minha epiderme combalida os primeiros sinais de uma dormência comovente. Sou altamente viciada nestes bipolarizados estados de humor, não passo sem eles. São a descoberta, o trago do novo em mim. O liquido prata que de todas as vezes que provo me aprendo. O peito estremece, no pulsar destas batidas cardíacas o líquido sobressai da superfície. Tu a meu lado e a prata em mim. A tua agonia, a tua estranheza, o teu entendimento e contemplação. Ris para mim no fim. E eu peço: “Repete. Repete-o. O meu alter-ego quer ouvir mais uma vez da tua boca o quanto gostas de ver o meu humor revirar." Eu expresso-me de variadas formas antes da verdadeira eloquência do enlouquecer. Sou uma pessoa fantasiosa e inconstante. Sou inefavelmente irremediável! :)

Wednesday, November 21, 2007

Finalmente, o Início do Fim.

Suavemente me enrolava sobre mim e em mim tendenciava os meus pensamento, propositava as minhas dúvidas, acumulava sentires vazios de consistência. Ansiava a minha calma, porém nada fazia para a conquistar, ansiava o meu equilíbrio mas estava constantemente a desequilibrar-me em utopias passadas. O equilíbrio que me viesse salvar, implorava em pedidos de socorro aos meus cantos de corpo. Ele que viesse defender-me e arrastar-me na sua harmonia, inebriar-me de um pouco do amargo da vida, de um pouco da não-ficção, da realidade nua e crua. “Acorda!” pensava eu, gritava o meu íntimo louco, irado de rancor, de raiva, de vontade de se libertar, da vontade de se evadir daqueles sonhos, se é que podemos chamar-lhes assim. Mergulhava novamente, adormecia em sonos de melancolia. Estranho ver que até os meus verbos se tornavam condicionais: “Eu faria”, “eu queria”, “eu iria atrás”, “eu lutaria”… Depois deste tempo verbal o mais natural de suceder é a nossa consciência acrescentar sempre o “mas”. Bolas, os “ma’s” e os “se’s” foram os que sempre me arruinaram! Então sonhava e sonhava e deixava-me permanentemente sonhar com a mente afagada pela sua mais sublime forma de se manter viva…a de criar, fantasiando, respirando estórias de romance. A vida e as suas peripécias, os sentimentos e os seus episódios, os actos e os guiões das cenas do nosso teatro. Porque a vida é um teatro, não para a simularmos, nem actuarmos nela com papéis que não os nossos, mas sim por se viver cada episódio como se fosse o único a ser admirado. Nunca há um igual ao anterior. As expressões mudam. As falas alteram-se de certa forma. Os actores vão mudando. A vida e as suas cenas. O palco e as suas cerimónias. Saí do sonho claustrofóbica, procurei-o desesperada, mas afinal que poderia ele sossegar em mim se neste corpo só sobrevivia a mais negra das desilusões vigentes? A desilusão de quem sonha demais, a de quem cria demasiadas expectativas e delas só resultam ocos buracos. Que poderia fazer ele? Provavelmente nada. Sei que saí de lá pelo meu próprio pé, sem saber que força, que determinação era aquela que afinal se escondia cá dentro. Saí com este corpo que anima a alma e andei, olhei em volta. Vi a tua face, perguntei-me se serias tu? Se ainda serias tu hoje? Se o tempo quando passa pode mudar muita coisa excepto um sentimento? Mas a verdade é que muda…se calhar até eu própria sabia mas não o queria ver. Era melhor assim… mesmo que pateticamente iludida podia continuar dar-me ao luxo de dizer que vivia, porque amava alguém, porque sabia o que era sentir esse amor que tanto proclamavam ter A grande. Observei-te mesmo sem tu saberes que te via, fi-lo como uma menina que foge dos olhos dos pais para fazer uma asneira. E ouvi a tua melodia, a canção que me cantavas e temias que ouvisse. Sempre com o mesmo medo…aquele medo de amar e sofrer…aquele medo que te deixa perplexo, e a mim também. Ouvi a canção de Outono e ouvi os corpos das árvores a não aguentarem o frio de mais uma estação. “Mais tempo não!”, assobiavam elas, “estamos cansadas.” As folhas caíam… eram salgadas como lágrimas. A árvore só proferia que ia conseguir livrar-se de mais um Outono, de mais uma dose de melancolia, de sonhos de uma Primavera sempre tão distante. A árvore era eu, as folhas as minhas lágrimas, e a minha falta de esperança era a descrença nos pássaros da Primavera que nunca mais chegaram a cantar, tal como um dia me prometeste. A canção do Outono chegou, mais uma vez. Chegou e eu ouvi-a, não de ti, mas através de ti. O início… O início começava no meio de um Outono. O início de um fim que já há muito me prometeram, prometeram mais que cumpriram, mas que efectivamente me corromperam, me fizeram estagnar numa estação de vida que já mais não volta. Não vou ansiar desta vez; nem a calma, nem o equilíbrio, nem o guião de mais uma cena, nem a Primavera, nem mesmo tu. Não vou ansiar-te mais… Nunca trocamos estas duas palavras: “para sempre”. Nunca pensamos que iria ser para sempre, pois todos os dias pensava espontâneamente que seria “mais um dia”. O que dura para sempre, o que nunca conseguimos esquecer, parece ser sempre aquilo que nunca temos ao alcance das nossas mãos, pois tudo o resto passa e é recordado como passado, como uma memória boa. E mesmo sem me dizeres e eu te dizer que seria para sempre, tem sido, e o “para sempre” tem demorado já tempo demais. E, no fundo, foi tudo tão estranho assim… tão fantasticamente fantasiado, mas tudo tão fundamentalmente meu.

Monday, November 19, 2007

La petit maison de reve, de mon reve, de tout personne reve

… fica pousada nas nuvens e tem paredes de chocolate que nos deixam ver o exterior. Vejo o sol e as estrelas sempre que me apetece. Os dias não passam, o conceito de tempo é irreal por aquelas bandas, o tempo simplesmente não existe. A minha casa não tem jardim, não tem jardim porque o sítio é de todos os que lá moram. Há algumas pessoas que vivem por lá… muito poucas já… as que ainda se permitem sonhar.

Friday, November 16, 2007

Inadaptado.

"Foi uma jornada de evolução, de adaptação, a jornada que todos fazemos, que nos une a todos. Darwin escreve que descendemos todos de uma mesma primeira célula. E eis-me aqui eu. E o Laroche. E a Orlean. E a "fantasma". Todos presos dentro dos nossos corpos, em instantes da história. É isso, é o que tenho de fazer. Narrar toda a história junta."

Laroche:
"Sabe por que gosto de plantas?
Por serem tão mutáveis.
A adaptação é um processo complicado. Ensina-nos a ter sucesso e a prosperar neste mundo."

Orlean:
"Para as plantas é mais fácil... Elas não têm memória.
Limitam-se a passar ao que vem a seguir; já para uma pessoa... A adaptação é quase vergonhosa, um pouco como fugir."

Um filme a não perder. Para mim, foi um prazer revê-lo. Qualquer criação dos irmãos Kaufman é louvável e merece uma vénia, a sua sensibilidade e autenticidade.

Thursday, November 15, 2007

Wednesday, November 7, 2007

Para ti, "meu amor".



Hoje só por ser Outono
Vou chamar-te "meu amor"
Contra as regras do que somos
Vou chamar-te "meu amor"

Hoje só por ser diferente te encontrar
É tanto fado contra nós
Mas nem por isso estamos sós
E embora fique tanto por contar
Hoje só por ser Outono vou...

Entre dentes, entre a fuga
Vou chamar-te "meu amor"
Enquanto não se encontra forma
Vou chamar-te "meu amor"

Entre gente que é demais
E tão pequena para saber
Que é tanto o vento a favor
Mas tão pouco o espaço para a dor
Só pode ficar tudo por contar
Hoje só por ser Outono vou...

Há flores, há cores, há folhas no chão
Que podem não voltar
Podes não voltar
Mas é eterno em nós
E não vai sair

Desce o tempo e a noite vem
Lembrar que as tuas mãos também
Já não são de nós para ficar

Por ser tanto quanto somos
Certo quando vemos
Calmo quando queremos
Hoje só por ser Outono vou...


Tiago Bettencourt - Outono

Sunday, October 28, 2007

Protégé Moi

Solta-me, larga-me, deixa-me. Só me fazes pior, meu amigo. Podes largar-me assim, no meio do chão, eu levanto-me sozinha. Deixa a minha mão, deixa-a contorcer-se de raiva até não sentir a mão de mais ninguém ainda agarrada, deixa os meus olhos chorarem tudo o que têm para se despedir na íntegra de alguém que conheci. Só eu posso parar com isto, por isso não te metas. Vá lá, não te metas no meu caminho, vais magoar-te, vais magoar-te e eu não quero. Não vou saber proteger-te de mim porque só um sabe, hoje, só um sabe como me pode proteger de mim…
Protect me from what I want
Protégé moi
Protégé moi
Protect me from what I want
Protégé moi
Protégé moi

Só ele me pode proteger de mim, do que eu quero, só ele me pode afastar do que foi e me fazer renascer. E ele, ele já fez tanto ao não fazer coisa nenhuma, que já pouco ou nada espero dele! Tu, tu não tens que limpar as cinzas, deixa-as comigo, eu não te quero agora. Agora não. Ainda não estou protegida…
Protégé moi, toi, crétin!

Sunday, October 21, 2007

She broke away…

Outra vez
Mais uma vez
Não de vez
Mas como sempre
Para sempre
Se o sempre existir.
I would live for you
I would die for you
It’s not over, not over, not over yet!
Acho que até nem quis parar para compreender que assim foi constantemente. E que eu não quero de outra forma. Não consigo querer, não me chega, quero sempre mais, eu quero sempre isto:
NÃO QUERO QUERER O QUE POSSO TER,
QUERO QUERER O QUE NÃO POSSO TER.
NÃO QUERO ESTAR ONDE ESTOU,
QUERO IR PARA ONDE NÃO VOU.
NÃO QUERO QUERER QUEM EU TENHO,
QUERO QUERER TER QUEM NÃO TENHO.
Quebrar, partir, destruir, recalcar, criar, construir, aperfeiçoar, amar, cuidar. Porquê renegar isso? Porquê não sucumbir ao que letalmente me engrandece? Acho… Acho que fui demasiado ingénua, mas prossegui, mal ou bem prossegui. E aí no limiar da necessidade, que por visceral me colmatava os vazios esquecidos, consegui uma vez entrar dentro da minha pele e sentir o que até então eu renunciava sempre sentir. E porquê tão tarde? Nem interessa, foi interessante senti-lo e por mais que me guiasse para a minha aniquilação absoluta, isso não alterava em nada.
Because it's like learning a new language, helps me catch up on my mime. if you don't bring up those lonely parts. this could be a good time. it's like learning a new language.

Quando medito neste departamento de mim, o departamento que sente mais com o coração do que com a mente, acabo sempre por gritar a alto som:
Please someone kill me because I won’t hold this for too long. Can someone give me the reasonblade and cut my heart in pieces so he won’t survive anymore? Someone please leave in my chest a hole, a hole that doesn’t hurt me. BECAUSE I JUST HATE THE LOVE THAT I FEEL WHEN I FEEL I LOVE YOU! In the end this is more hate then love.
E é complicado continuar nestes dias que me assolam o destino, esse que nem existe, porém que se distende no meu caminho. A dor, a dor e a dor, essa fome linearizada do meu apocalíptico meio de perder a identidade, a necessidade, essa linha recta que não percorro. Ela e ela, sempre ela. A ansiedade. A necessidade de a ter. A satisfação de não querer outra. A minha inevitável e interminável dor.



Monday, September 10, 2007

The End.


"I got soul, but I'm not a soldier..."


Goodbye LB.

Será que é fácil de entender?

'Talvez por não saber falar de cor,
Imaginei
Talvez por não saber o que será melhor,
Aproximei
"Meu corpo é o teu corpo, o desejo entregue a nós"
Sei lá eu o que queres dizer
Despedir-me de ti,
Adeus, um dia voltarei a ser feliz

Eu já não sei se sei o que é sentir o teu amor,
Não sei, o que é sentir… Se por falar falei
Pensei que se falasse era fácil de entender

Talvez por não saber falar de cor,
Imaginei
Triste é o virar de costas o último adeus,
Sabe Deus o que quero dizer
Obrigado por saberes cuidar de mim,
Tratar de mim, olhar para mim, escutar quem sou
E se ao menos tudo fosse igual a ti

Eu já não sei se sei o que é sentir o teu amor,
Não sei, o que é sentir… Se por falar falei
Pensei que se falasse era fácil de entender

Eu já não sei se sei o que é sentir o teu amor,
Não sei, o que é sentir… Se por falar falei
Pensei que se falasse era fácil de entender

É o amor… que chega ao fim,
Um final assim-assim é mais fácil de entender

Eu já não sei se sei o que é sentir o teu amor,
Não sei, o que é sentir… Se por falar falei
Pensei que se falasse era mais fácil de entender

Eu já não sei se sei o que é sentir o teu amor,
Não sei, o que é sentir… Se por falar falei
Pensei que se falasse era fácil de entender'

The Gift

Sunday, September 9, 2007

1+1=2 (não deveria ser 1+1=1?)

Já reparaste que a nossa estória não passou de uma preparação para incipientes? Uma procura para desvendarmos a espessura do romantismo ainda existente. Em tudo. Em todos. Em nós próprios.
O que parecia existir entre nós foi rapidamente substituído pelas nossas individualidades. Pelos nossos simples seres. São ‘simples’ quando comparados a um grande sentir.
O nosso amor deixou de ser nosso.
O nosso amor passou a ser o de cada um de nós.

Ausentou-se a evolução da necessidade de te tocar e permaneceu a morte do conto dos sentidos. Fomos levados por uma tempestade onde as nossas entidades afogaram todas as possibilidades que sonháramos.
Agora ambos pertencíamos à estatística da solidão, à aparição da desilusão. E eu não sabia. Afinal como podia…?

Eu, já não consigo pensar em ti, chamar pelo teu nome, recordar a tua aparência, sem sentir um enorme sentimento de desencanto engolir-me no escuro.
Tudo porque não estava lá quando a tua sobrevivência encontrou refúgio na ausência e resolveste então, sozinho, desistir daquela nossa procura.

(Agitas o saco. Indagas agora uma nova busca.)

Apaguem a Luz. Deixem-me dormir.

Hoje preciso que todos se esqueçam que eu existo para que possa continuar a existir como eu quiser.

Sunday, September 2, 2007

Like Superstars

They don't know what we felt... how could they really know?
All that seems to matter to you is the other's opinions... but they... they just don't know how really feels.





'Your heart is broken, and you don’t seem to mind
I guess it happened a little too many times, too many times
You try and you got tired, those long a brighten stories
You weald a fire right under the snow
They don’t they don’t
How could they really know
They don’t

They don’t know how it really feels
They’re just on holidays
Like dummies filling landscapes
How could they see you cry?
Do you remember me?
I was the one that held you through
I held a spot light when you did that crazy dance
Dance with you
I felt like superstars do
Me and you
We're just like superstars

I was around you
You couldn’t really tell
I held you close while
While you drove, you just drove into hell
You know!
A kind of hurt that burns
A light that loves you blind
And while your feet go
They go deeper in the sand
You wave and drown
You rave to the crown that says

But they don’t know how really feels
They’re just here on holidays
Like dummies filling landscapes
How could they see you cry?
Do you remember me?
I was the one that held you through
I held a spot light when you did that crazy dance with me
Yeah you did that crazy dance
You did that crazy dance with me

You did that crazy dance (7x)

Coz they don’t know how it feels
They're just here on holidays
Like dummies filling landscapes
How could they see us cry?
Do you remember me?
I was the one that held you through
I held a spot light when you did that crazy dance to me
As I dance with you
I felt like superstars
Me and you
We felt like superstars
Me and you (2x)'

Sunday, August 26, 2007

Sei de ti.

Finjo que não sei quem és.
Entretenho-me com paixões rápidas. Tento perder-me de ti entre amores passageiros e por vezes distraio-me com devaneios destes. Faça o que fizer o querer saber de ti é que acaba sempre por me cobrir as ideias. E não sei bem se é o teu sorriso, não sei bem se é a tua voz, não sei bem se é a tua ausência, se é a dita saudade. Ou se é a esperança ou a falta dela. Se é a inacção e o conformismo ou se é a vontade de lutar e ir atrás. Sei que está aqui, cá dentro, dentro de mim, a vontade de saber de ti. Ver como estás, mesmo sem te ver. Falar contigo, mesmo sem te ouvir. Estar contigo, mesmo sabendo que estás longe.

Para quê esconder afinal?
Gosto quando me visitas.
Gosto quando sorris em mim.
Gosto de te ter mesmo sem seres meu.


E irás ficar guardado… para sempre aqui guardado.

Tuesday, August 14, 2007

Fragmentação


Calculo que a probabilidade das tuas palavras irem ao encontro das tuas acções é muito reduzida. Duvido que vás conseguir conciliar a tua hipocrisia e egocêntricidade e formar um manto de candura e inculpabilidade. Podes mentir se isso te fizer sentir melhor. A mentira já não me dói. Agora que olho para trás vejo que o tempo foi meu amigo e certamente me ajudará a soprar um pouco de brisa para levar, da melhor forma, o dito “estalo de luva branca” à tua face reluzente e infantil. Esse feito tão raro e crucial vai deixar cair em mim um som estridente de gargalhar. As paredes vão estremecer, o teu corpo vai cambalear e o meu ego vai rir… rir maquiavélicamente. Nem o mais optimista prevê um desfecho favorável à tua consciência, ela vai pesar, vais ver. Será que aguentas? Isso também não interessa, eu também tive de aguentar com muita coisa, durante muito tempo, sem mesmo perceber o que se estava a passar. Vês como o tempo me fez bem? De tão ingénua passei a uma tão vil criatura…

E a ti, não quero uns segundos, minutos, horas de silêncio, quero uma toda vida.
Sê feliz no nosso silêncio
.

Monday, August 13, 2007

Pioneer To The Falls



Eles regressaram :) e estão melhores que nunca...

Sunday, July 15, 2007

O tamanho não importa

O Amor não tem peso nem massa específica, e no entanto ninguém discute a sua importância na vida das pessoas, pois não?
Sabemos claramente que o Amor é que nos faz respirar, é o motor dos nossos corações, almas, personalidades… o que lhe queiram chamar. Mas mesmo assim, ouvimos certos “exemplares” quase que diariamente a “contabilizar” os seus feitos. Os chamados gabarolas :p
“Eu sou o melhor amante que já alguma vez conheci, já vivi não sei quantas paixões e deixei loucamente apaixonadas não sei quantas mulheres!” Grrr… Que idiotice! Agora também enumeramos as nossas conquistas?! E a intensidade e autenticidade em que as vivemos e fazemos viver, isso não importa?
Um outro exemplo é o tamanho da colectânea de discos gravados e vendidos das bandas que muitas vezes é questionado, como se o talento dos artistas dependesse do número de obras que já tem arrecadado. Como se este fosse uma espécie de garantia obrigatória para a qualidade. (Quando há afinal tantos artistas já de grande valor sem ainda nenhuma criação visível e tantos outros que criam diferentes obras com diferentes valores!)
E outro é a quantidade de objectos que possuímos, que recheiam a nossa casa, que fazem de nós seres mais ou menos ricos, mais ou menos respeitados (infelizmente é assim); o telemóvel, o automóvel, as marcas da roupa que vestimos, o número de peças que ostentamos no nosso roupeiro.
A porção de viagens que fizemos, as estórinhas que contamos aos amigos e familiares, as recordações materiais que lhes trazemos, os conhecimentos culturais que acarretamos às costas… tudo isto irá reflectir a nossa experiência de vida a partir daí; “ela já viajou por vários países, as verdadeiras elites da Europa: Alemanha, França, Inglaterra, you name it!...”.
O número das médias que obtemos após anos de aprendizagem que parece ser o único responsável pelo nosso valor cognitivo; o número das pequenas asneiras que fizemos até aqui é o reflexo da nossa responsabilidade e maturidade.
Tudo isto é muito, aliás é demasiado relativo! Para quê transformarmos tudo o que somos e nos rodeia em números? Tudo o que fazemos tem de entrar para a dita “tabela” da vida?
… Por acaso gostava de um dia verificar a veracidade dos resultados de tais contabilidades!

Friday, June 22, 2007

Love is...

Triste é ver que agora o amor é uma espécie de buffet, olhamos à volta, tiramos o que queremos e deixamos abandonado, numa qualquer prateleira, o que não nos interessa.Como há muito produto para este novo tipo de clientela, a escolha é fácil e rápida. Não há tempo a perder! Como em tudo. O amanhã chega rápido demais e aí já estaremos preocupados com uma nova selecção.…

Bem, só vejo uma vantagem, aqui dificilmente se formam filas.

Saturday, June 16, 2007

Queria... Mas...

Eu queria ser alguém, não sei quem, mas não me deixam.

Queria ir, não sei para onde, mas tiraram-me o lugar.

Queria gritar, não sei a quem, mas calaram-me a voz.

Eu queria amar, não sei quem, mas arrancaram-me o coração.

Queria viver, não sei porquanto, mas mortalizaram-me o corpo.

Queria partir, não sei quando, mas encobriram-me o destino.

Sunday, June 10, 2007

You’re still my favourite one

Foi aqui que tudo começou.
Vi-os pela primeira vez neste videoclip, há já alguns aninhos atrás.
Para mim, todo o álbum Parachutes está de uma incomparável doce melancolia.
A Trouble continua a ser a minha música preferida dos britânicos Coldplay, por tudo o que ela me recorda, por tudo o que ela me faz sentir sempre que a ouço.

'I never meant to cause you trouble,
And I never meant to do you wrong,
And I… well if I ever caused you trouble,
Oh no, I never meant to do you harm.'


Monday, June 4, 2007

Turn on the signal

E aqui, não sou somente a princesa, mas sim a rainha…
A rainha deste meu planeta inventado, a guardiã da minha sanidade mental… ou insanidade talvez. Bem, pelo menos da minha sanidade física sou uma tutora capaz. Conservo o corpo intacto, impecavelmente inteiro, harmoniosamente unido; ao contrário da minha cabeça, essa que está aos bocados e se mantém suspensa apenas pela força do meu pescoço. Uma mente despedaçada, assim como o coração, assim como a alma e o espírito… Bah! Mas não dará tudo ao mesmo? Não importa. Importa sim o que esperam de mim neste trono, os feitos consequentes do pedestal onde ingenuamente me colocaram, achando-me capaz de governar… (oxalá o fosse!) Julgavam-me bondosa, merecedora de muito mais que a dor a que até então vinha a colher. Fizeram do chão que piso tapetes vermelhos. Sou da realeza dizem-me… Não, eu sou A realeza! Pois sinto-me a única realeza reinante! Que cegos foram… que cega me deixaram.
Aceno tranquila e arrogantemente, em volta a multidão saúda-me, aplaude-me como se fosse o seu Deus supremo. E que fiz eu? Não importa. O sabor do domínio é doce e eu respondo àqueles olhares de súplica e submissão com uma mirada de altivez, cuspindo beijos hipócritas ao ar acima das suas cabeças. Enquanto caminho sinto-me desfalecer. Ao carregá-lo, o esqueleto curva-se de tão pesado que o meu ego se encontra, o corpo queixa-se e tropeça pela sua dimensão ridiculamente descomunal! As pernas tremem e eu finalmente caio no chão. Respiro o cheiro da alcatifa vermelha e o cheiro não é diferente de um qualquer outro chão. Não cheira a perfume de majestade, a rosas colhidas numa manhã fresca de primavera, ou a uma essência qualquer importada de Paris, mas sim a lama. Um cheiro a podre e humidade que incomodava as minhas narinas imperiais. De nada me adiantou cair em solo soberano.

Disseram-me, com carinho e somente boas intenções, que com o poder eu iria crescer ainda mais! Insaciada pela ambição de um dia vir a ser adulta acreditei. E até aqui, só minguei… Tenho vindo a encolher. A encolher tal como a Alice no seu Pais das Maravilhas. O meu castelo, o fabuloso castelo que me ofereceram, desmorona agora como se feito de um baralho de cartas. Ao mínimo sopro desaba por completo, assim como o meu corpo mirrado, esmagado pela grandeza e robustez do meu ego. Este meu ego tanto cresceu que o reino que me criaram não resistiu. Explodiu. E eu… o que restou de mim, já não me agrada mais.

É assim… É assim que conseguimos matar alguém por amor.


[ you know the way that things go
when what you fight for starts to fall
and in that fuzzy picture
the writing stands out on the wall
so clearly on the wall

send out the signals deep and loud

and in this place, can you reassure me
with a touch, a smile - while the cradle's burning
all the while the world is turning to noise
oh the more that it's surrounding us
the more that it destroys
turn up the signal
wipe out the noise

send out the signal deep and loud

man I'm losing sound and sight
of all those who can tell me wrong from right
when all things beautiful and bright
sink in the night
yet there's still something in my heart
that can find a way
to make a start
to turn up the signal
wipe out the noise

wipe out the noise
wipe out the noise
you know that's it
you know that's it
you know that's it
receive and transmit
receive and transmit
receive and transmit
you know that's it
you know that's it
receive and transmit
you know that's it
you know that's it

receive and transmit ]

Foi assim que me mataste e o silêncio, esse, morreu comigo, num simples acto de companheirismo ou de solidariedade.
Eu era especial e bondosa, havia sofrido sim, talvez por isso merecesse agora muito mais que dor…talvez. Sim, tudo isso era verdade meu bem, mas ter-me-ia contentado com o cargo de princesa.

[Pela primeira e última vez, tudo se tornou barulho.]

Música de Peter Gabriel: signal to noise.

Sunday, June 3, 2007

Assim não!

Numa conversa entre amigos surge uma pergunta: “Mas afinal qual é o teu escritor favorito?”
Bolas, considero uma pergunta completamente desnecessária no mundo das artes! Aqui não podemos ser radicais e extremistas ao ponto de apontar: “Ah e tal… o meu preferido é X.” (…) “É por isso que nunca seria capaz de aprovar o Y.”
E é assim que se faz do primeiro, um autêntico iluminado e do segundo um ignorante. Não nos podemos apaixonar por um autor e prometer-lhe eterna fidelidade!
Tal como Miguel Torga já o dizia: ”Esta simples coisa de gostar simultaneamente da obra de dois escritores, é impossível aqui. A paixão duma exclui a outra. Ou se é por Fulano, ou por Sicrano.”
E é que depois para contrapor com mais alguns argumentos acaba por se elogiar um e repudiar o outro, como se ambos não tivessem análogo valor! Como se fossem de mundos diferentes, quando este é só um: a Arte da Literatura Portuguesa.
Posteriormente, para terminar o seu comentário, finaliza com uma expressão do tipo: “E é por tudo isso que gosto mais de X!”.
É o cúmulo… honestly... Ou se ama ou se odeia?! Porquê?
Tudo bem que cada obra se diferencia de outra, que há formas de escrita divergentes, mas no entanto estão todas dentro do mesmo “saco” e merecem respeito simplesmente pelo facto de terem sido criadas! O esforço do combate de criar não é louvável? Mesmo que os valores das obras se diferenciem não podemos ignorar os outros "concorrentes".
E será que alguns destes autores têm de se submeter a estes pseudo-críticos? Não há exclusivismo na Arte! Não a menosprezemos só porque essa, em particular, não nos encanta.

Sunday, May 27, 2007

Vá lá...

Vá lá, puxa esses cordelitos...
Puxa o da direita e eu levanto o meu braço direito, puxa o da esquerda e eu levanto o meu braço esquerdo.
Dá-me textos para decorar, prosas de palavras apaixonadas e apetecíveis. Concede-me um guião inteiro para te declamar…
Arranja-me cenários, daqueles que parecem tirados de uma vida.
Oferece-me uns sapatinhos de cristal e aqueles vestidos purpurinados com todas as cores do arco-íris.
Prende-me somente entre as cortinas vermelhas e os fortes holofotes.
E promete-me, todos os dias, a mesma ânsia pelos aplausos finais…
Vá lá,
Faz de mim tua marioneta.
E eu…
… só não prometo é obedecer!

Wednesday, May 16, 2007

Harrowdown Hill

Thomas Edward Yorke, mais conhecido pelo líder vocalista dos Radiohead (banda inglesa de rock alternativo), lançou em 2006 o seu primeiro albúm a solo: The Eraser. Esta magnífica obra de arte, no meu ponto de vista, possui nove músicas inéditas que nos leva a uma outra dimensão, a um mundo aparte em que a electrónica nos hipnotiza os sentidos.
Conhecido pelo seu falsetto* distintivo que muitos consideram irritante e outros, simplesmente apaixonante, Yorke é possuidor de uma habilidade para encontrar e sustentar notas bastante elevadas.
Esta Harrowdown Hill pode ser vista como uma música de intervenção, sendo mais uma crítica que este activista político resolveu realizar, porém este trabalho vai muito além de uma simples crítica, basta olharmos o videoclip com um pouco de atenção e ouvirmos a música com ambos os ventrículos. Este artista de grande mérito cria autênticas relíquias com instrumentos como a guitarra eléctrica, o piano e um não tão comum: o computador. Yorke referiu que prefere computadores às guitarras e pensa que programas como Pro Tools dão ao músico maior poder na direcção de uma música do que os instrumentos tradicionais; e só cá para nós, se o resultado for sempre este: estamos contigo Thom!

*Falsete, do italiano falsetto, é uma técnica vocal através da qual um cantor emite sons mais agudos que os da sua faixa de frequência acústica natural.

Na iminência de…

Eu sou a chama da vela pousada na mesinha de cabeceira. Aquela que ilumina o pedaço de quarto onde me deixaram.
Tu és a brisa que invade discretamente pelo vidro partido da única janela desse espaço. Vens rodear-me e obrigas-me a dançar.

Danço por breves minutos no limbo da extinção. Trémula, narcotizada entre quentes tons, espalho o vermelho e o laranja em pedido de término.

“Queres ver-me dançar esta noite, não é meu bem?
Mas tem cuidado, pois se me soprares um bocadinho a mais eu apago-me
.”

Monday, May 14, 2007

Adeus.

“És a filha que eu nunca tive Sara…”

Bem… Penso que isto não se ouve todos os dias. Muito menos quando conhecemos suficientemente bem a pessoa em questão para saber que não lança palavras destas ao ar como quem só procura lançar um banal elogio. Acreditamos, como é lógico e sentimo-nos mais que gratos por… nem sei muito bem porquê! Mas na altura não só acreditei como passei a viver essa realidade. Lembro-me que a abracei com toda a ternura e afecto que tinha dentro de mim e só a larguei dos meus braços quando me senti vazia, lembro-me que não consegui conter uma certa humidade nos olhos quando ela mo disse e sorrira-lhe suavemente. Não estou a vangloriar-me, isso é patético, ainda por cima quando se tratam de autênticos sentimentos (pelo menos da minha parte). Eu passei a gostar ainda mais dela. A sensibilidade é algo que se nota, pode não ser à primeira vista, mas umas horas partilhadas já definem bem esse canto de personalidade de cada um. Pois bem, eu passei mais que “umas horas” com esta mulher, dediquei-lhe toda a atenção quando me falava, dava-lhe todo o meu carinho quando me precisava e cheguei até a sentir uma certa admiração humana por ela. Apesar do seu feitio, muito próprio e nem sempre estável acompanhava-a a muitas saídas, a muitos chás, a muitas conversas. Escrevi-lhe e dediquei-lhe pequenos poemas, pois ela adorava a forma dolorosa como eu escrevia. A vida não lhe tinha sido fácil. E já lhe conhecia o passado quase tão bem quanto o presente, que vivia com ela quase um bocadinho de todos os dias. Confiava nela. Confiava-lhe a minha Mãe. (Não que a minha Mãe seja minha posse, isso é outra coisa que não entendo no dito amor. No amor não existe posse, apenas protecção.) E ambas a ouvíamos, tudo aquilo que dizia e destruía à sua volta sob um manto de ovelha. Queria deixar todos na mesma solidão a que constantemente se submetia, já desde muito cedo. Virava tudo e todos contra ela e depois esperava que se virassem contra nós também… Pena (para ti), pelos vistos não resultou… não foi? Sozinha… Parece que é isso que te resta. Só isso... Não porque preferes o isolamento mas porque todos viram o lobo que és. Tenho de meter na minha cabeça que as palavras não amam. Não nos devemos deixar levar só por elas… Nem sei porque escrevo isto aliás! Porque se tudo foi uma farsa, não só as coisas que dizias e fazias, mas tu própria… Nem te devia dar tanta importância, pois não tia? Assim o farei, fica tranquila.

(Nem raiva, ou lá o que isto ainda é, sentirei mais. Só o desprezo de um esquecimento eterno.)

Saturday, May 5, 2007

O que sou (?)

Tenho procurado entender-me. Ou pelo menos descobrir-me. Mas pelos vistos, segundo um artigo que li no “New Scientist” a melhor forma de nos conhecermos é depositar todas as nossas esperanças na Ciência. Passo a explicar, devemos colocar de lado as tão conhecidas técnicas de introspecção e auto-análise (que confesso serem as que também eu recorro) e abrir portas ao conhecimento dos nossos próprios genes. Estes podem revelar-nos muito sobre a nossa saúde, personalidade, percepção, inteligência e atitudes, até destapar alguns segredos acerca dos nossos antepassados.


O nosso Destino, esse infelizmente, não está predeterminado no poder dos nossos genes. É pena… não?

Saturday, April 28, 2007

Nudez.


Olhares despidos de brilho
Enleios despidos de braços

...

Lábios despidos de beijos
Pensamentos despidos de razão

...

Orações despidas de voz
Melodias despidas de som

...

Corpos despidos de presença
Corações despidos de intuição

...

Autoridades despidas de moral
Vidas despidas de existência

...

Friday, April 27, 2007

Shuuu...

Mesmo quando as palavras teimam em não saltar no trampolim da nossa boca, naqueles instantes em que sentimos que estão prestes a descolar dos nossos lábios em leves voos; quando desejam bailar diante dos nossos olhos, e desafiar-nos para a próxima etapa: os actos. Mesmo que tenhamos passado a noite a treinar aqueles nossos dizeres, a sonhar até com os possíveis diálogos de um amanha. Naquelas alturas em que pensamos ter tudo estudado, para nada falhar! Elas, com sua altivez, teimam em nos deixar ficar mal… E deixam-se manter guardadas dentro de nós… Escondidas, no escuro, debaixo da nossa língua… a tentar espreitar para o exterior com receio… E é num subtil gaguejar que nos apercebemos que de nada valeu tanto estudo, tanto cálculo. Sentimo-nos impotentes e as nossas faces começam a rosar. Mesmo nesses momentos, em que somos sufocados por um silêncio espontâneo… temos de o aprender a ouvir…
Porque até o silêncio tem de ser ouvido, este sábio que do nada nos pode dizer tanto!

Entre o sonho e a consciência.

Eu sei que ele não iria chorar no meu ombro, mesmo sendo esse o seu desejo. É arrogantemente orgulhoso… um pouco como eu portanto.
Eu não consigo ver a fragilidade escondida por detrás de um falso sorriso de confiança, não sei ainda como destapá-lo, para debaixo encontrar o seu sorriso de porcelana. Distinguir um pedido de ajuda por detrás daquele olhar tão forte, quase assustador de tão bravio e fixo.
Eu senti que querias parar... que estavas farto e cansado de andar atrás de sonhos numa estrada pavimentada por fragmentos de vidro, demasiado cruel para os teus pés descalços... Cortante demais para essa tua alma tão imaculada. E a tua consciência, essa, era o álcool que ardia nas feridas, tentava sarar mas doía demais.
A quimera falava, falava muito alto. Gritava, gritava por ti...
Tu sangravas e não desistias... Tu sangravas e calavas-te... Não partilhavas sequer a dor. Essa que, tão melhor que a utopia, teimava em querer comandar a tua consciência.
Espreitaste-me e viste-me a teu lado nesse percurso.
Viste-me a sangrar também.
(Talvez pela mesma quimera que tu. Aquela que ainda está em flor.)

Thursday, April 26, 2007

O agora fumador.

Por mero acaso do destino, o seu número de telemóvel regressou-me às mãos e sem demora, combinamos sair a uma terça-feira, que segundo o horóscopo semanal (coisa que realmente não me acredito muito) seria o melhor dia daquela semana para os indivíduos do meu signo…
(“Ui, que eu já não o vejo faz tempo!”)
Em mim tremelicava aquele alvoroço de criança, queria ver se ele continuava o mesmo, se eu continuava a mesma e se ambos continuávamos na mesma enquanto tagarelávamos.
Lembro-me de brincarmos muito, até mesmo com os olhares, parecia que fazíamos frente um ao outro em determinadas situações. Eu gostava… Sentia-me mesmo bem ao seu lado… Libertava, de todas as vezes, a menina escondida dentro de mim. Ela já não espreita por mim há muito também, por isso é que a ansiedade de o ver era mais que a normal. Queria contactar de novo com o meu lado acriançado.
Sim, lembro-me da sua fisionomia um tanto desajeitada, muito alto e magro. Os seus olhos grandes, e escuros como a noite, que carregavam aquela expressividade toda entre o ingénuo e o franco.
Falávamos de tudo, partilhávamos as peripécias do nosso dia-a-dia e estávamos sempre ali quando um de nós precisava de um abraço… Éramos, sem dúvida, grandes amigos!
Combinamos no café onde a nossa turma se costumava reunir depois de um dia de aulas, o ambiente não mudou muito após estes anos. Quando entrei, dei de caras com um sujeito alto e bem constituído. Pensei, entre segundos “é ele”. Porém algo me deteve, este pegava entre dedos um cigarro: “Não, ele dizia-se incapaz de fumar…”; mas aqueles olhos não mentiam: ”Sim, é ele!”. Aproximei-me e cumprimentei-o. Falou-me calmamente: “Então Sara, o que é feito de ti?” e assim recomeçamos mais uma das nossas infindáveis conversas… Tinha “crescido” e de facto eu também. Os nossos lados acriançados deram mãos sim, mas de forma mais serena, madura. Nós mudamos inevitavelmente com a passagem do tempo, mas permanecemos com a nossa verdadeira essência guardada.
Apagou mais uma última ponta de cigarro e recomeçou a falar após humedecer os lábios. Ouvia-o atentamente… estava encantada! A sua inconfundível maneira de falar, tão precipitada e impaciente, e o seu português mal dominado davam ao seu rosto uma expressão levemente dolorosa. Posso até dizer que as palavras lhe esfolavam os lábios ao passar. Terminava mais uns dizeres e voltava a si, a mesma ternura, aquele seu ar naturalmente afável com que me olhava fixamente.
Sim, posso dizer que não mudou nada… e afinal, nem mesmo eu.

Wednesday, April 25, 2007

Orgulho intragável.

Enquanto te gritava para saíres, rezava não sei a que Deus para que ficasses. Olhava-te a ir e mantinha-me queda, inexpressiva, com um ar de inquebrável. O meu olhar esperava que te virasses, que as tuas costas me dissessem esse tal adeus final e os teus olhos resolvessem encantar-me com o alívio de um breve regresso. Mas foi a tua sombra que me anunciou… e as tuas pisadas tornaram-se mais ligeiras e determinadas. Não te viraste, não olhaste para trás e eu, paralisada pelo meu vão orgulho deixei-me ver-te partir e nenhuma palavra te proferi, nem pelo teu nome chamei! O meu olhar teimava em não sair daquela porta, o meu coração palpitava cada vez mais de força com a ansiedade de ouvir a campaínha, com a esperança de te ver nesses segundos. Olhei a porta durante quase duas horas e acabei por desistir. Custou… mas apercebi-me por fim que tão cedo não voltarias. Agarrei-me a outra inútil expectativa, a de me telefonares ou mandares alguma mensagem… esperei… esperei… esperei paciente e fervorosamente que me dissesses algo, que me desses um simples sinal de vida. Tantas vezes olhei a janela do meu quarto esperando poder ver o teu carro estacionado à minha porta, nem que fosse para te ver de relance. Passaram dias… e a coragem para te falar ainda não existia em mim. Lutava entre a guerra da fusão de amor e orgulho… era o último que acabava por vencer e mais uma vez nada fazia. Passaram meses… esperava ainda por ti e ia semeando bocadinhos da minha alma na terra lamacenta a que chamava o meu amor mas, a única flor que chegou a brotar foi a dor, a mágoa de te perder. Passaram três anos e ainda penso em ti. Penso sim… e as lágrimas que ainda me caiem pelo rosto são agora de arrependimento por muitas ocasiões não ter cedido, dado o braço a torcer, perder a minha razão pela tua, demonstrar a minha verdadeira vulnerabilidade face às mãos de uma forte paixão. Não te peço para regressares, agora somente te peço para me ouvires, dir-te-ei que errei e que estou a pagar, justamente, esses erros de cada vez que contemplo uma fotografia em que lá estejas, ouço a tocar na rádio a “nossa música”, de cada vez que te vejo a vaguear, perdido, nos meus pensamentos. Conto-te isto porque não te quero amar mais, quero-me libertar definitivamente de ti, quero enterrar este amor e metade de mim que acabou por morrer com ele também. Peço-te que me compreendas, no fundo que me perdoes os perdões que não te cheguei a dar. Parte de mim morrerá, bem sei, porém, a outra que resta irá aprender a viver novamente. Vou-me esforçar para que a outra parte de mim volte a amar… Mesmo que tarde, só o nosso amor me ensinou a ceder…

Tuesday, April 24, 2007

Rosa Negra.

Ó tu, Rosa Negra,
que nasces em meu peito,
Mais perfeita que deusa grega...
Queimas meu coração já desfeito!

Entre as chamas, consumida,
beijo tuas pétalas com fervor.
Espeto teus espinhos, comovida,
e escorrem rubras lágrimas de Amor...

Minha alma porém, não arde,
mantém-se branca, fresca e pura.
Este fogo ardente torna-se cobarde
quando me queima de loucura.

Tu, minha musa, não desfolharás.
Não deixarei tua essência murchar.
A arder em mim continuarás
e este inútil amor...irá perdurar...

Saturday, April 21, 2007

Rodrigo Leão e Cinema Ensemble

O músico apresenta-se, hoje, acompanhado pelos Cinema Ensemble, no Coliseu do Porto para um espectáculo que começa às 21.30h. Rodrigo Leão pertenceu aos Madredeus e aos Sétima Legião e é dotado de uma sensibilidade fora do comum, que através da sua música nos leva a uma “viagem do sentir”. Teve como primeiro trabalho a solo, lançado em 1992, o”Ave Mundi Luminar”, o primordial de muitos álbuns de sucesso.
Este é, sem dúvida, um espectáculo a não perder! Bilhetes entre os 20 e os 35 euros.

Os melhores do ano da Rádio Nova Era

Ainda hoje, para um outro tipo de gostos musicais, o Pavilhão Rosa Mota, também conhecido por Palácio de Cristal vai receber mais uma edição deste evento.
Esta gala organizada pela Rádio Nova Era é já um marco nos espectáculos anuais portuenses. O seu objectivo é premiar e homenagear as melhores músicas e intérpretes da música nacional e internacional.
O espectáculo conta com as actuações de Da Weasel, Buraka Som Sistema, Expensive Soul, Mundo Secreto, Tara Mcdonald, Barbara Tucker, Chris Willis, Gary “Nesta” Pine, Dollarman, Gutto feat. Liliana, Ez Special, Layout e a actuação de Dance for Kids.
Começa às 21h e os bilhetes são a 5 euros.

Friday, April 20, 2007

Fez-me cinema.

O som do silêncio tornou-se ensurdecedor de tão constantemente irritante. Este programou no meu quarto uma espécie de bomba relógio em que a contagem parece não cessar. E já são 5:30…! Ggrrr! Perco-me entre ovelhas mal contadas e volto mais uma vez a dar-me por vencida, convenço-me que esta é só mais uma teimosa e singular insónia. Penso: "amanhã espera-me uma outra noite…" (como se me servisse de consolo!).
Experimentando então, diminuir as horas supérfluas desta dita "noite", levanto-me. O corpo fresco contraria a mente que ainda pede fervorosamente descanso. Em pontas de pés, muito sorrateiramente vasculhei as minhas coisas em busca de fácil distracção, tentando sempre não quebrar o silêncio, esse calado, que embebia o resto da casa. Fui surpreendida com algumas fotografias que me saudaram com um simples abrir de gaveta. Pareciam ser de pessoas que reconhecia, aquelas sãs expressões que sempre deliciavam a objectiva ocular, em cerimónias que brincavam e espevitavam a minha recordação. Espalhei todo o conteúdo no chão e fui separando com as mãos as que mereciam atenção primária. Porém houve uma, uma só, que me captou toda. Nessa, o papel fotográfico estava em branco. Olhei melhor e vi contornos distorcidos, desenhados levemente como que por um bico de lápis. Um cinza mortiço delineava aquilo que pareciam ser as linhas de dois rostos. O silêncio não me estava a deixar concentrar. Era demasiado barulhento! Mais atentamente olhava e menos me parecia revelar. E as fotografias! Essas outras, mortas e sepultadas no soalho de madeira, teimavam berrar quase tão alto quanto o silêncio.
Não reconhecia aquelas faces nem o lugar que como pano de fundo começou a surgir lentamente. Pareciam pinceladas de aguarela aquelas que transformavam o pálido papel numa gravura que impunha agora a saudade… Redescobrira enfim as duas caras, o local, o momento. O trago desta saudade era autêntica sacarose!
Olhei o relógio uma vez mais, este anunciava as ansiadas 7h!
Este silêncio ainda me embalava, mas já sem incómodo, entre sonoridades estridentes e acompanhado pela colectânea de memórias já esquecidas, oferecera-me o som e a imagem em simultâneo.
O silêncio fizera-me cinema.

Tuesday, April 17, 2007

Íman.

Foi ali...
Que a minha definição de espaço ficou marcada no pensamento, como no lugar da vítima ficam marcadas a giz as linhas do seu corpo. Foi em riscos de giz, foi em riscos de giz que sublinhei os vértices da imagem do espaço e salientei os seus pormenores. Soprei com afinco as cores pálidas e fúteis e complementei assim a minha tela, antes limitada ao pálido formato monocromático. Era branco, costumava ser, até acrescentar diferentes tons de várias cores para o pintar.

Pintei o espaço agora que já o sabia.

Quantos espaços não ficaram já presos no purgatório das meras imagens? Esses lugares, onde o mais importante, não é o espaço apenas. Ele serve somente de cenário para um acontecimento do qual nunca ou dificilmente esqueceremos. Pois os espaços são apenas a morada da metamorfose dos actos em eventos.Os espaços não são nada sem as pessoas. Sem os processos de memória de quem vive e sente. Sem o tempo para os viver.Como tal, não, não nos abstraímos do espaço, mesmo sabendo que não é ele o fundamental.

E é aí…
Que a definição do tempo surge em mim como uma imposição de esclarecimento.
Tento pintá-lo…
Mas faltam-me filosofias para o desvendar, faltam-me descrições para o definir. Falta-me ainda tempo para o compreender.
Não o consegui pintar… Afinal faltavam-me ainda tantas cores para o conseguir!

Estabeleço o tempo parando-o.
Lembras-te de quantas vezes o tempo parou à nossa volta, e onde passou só a existir o “algo”…? A única movimentação presente era o cortejar dos nossos olhares, o abraçar dos nossos corpos, o delinear dos nossos sorrisos. Eu lembro-me dessa noite. Desse espaço. Desse tempo. Lembro-me de ti. Do nosso “algo” inexplicável, daquele a que intitulamos de “estranho íman”.O “algo” que sempre precisou de um tempo para existir e de um espaço para acontecer… Precisou de ti, de mim, para que guardássemos todos os pormenores na memória.

Contudo esquecemo-nos…
Não sei se preferimos ou se foi apenas o inevitável. Nem sei se este tem sido um breve “esquecer” para mais tarde voltar a perseverar. Só sei que...

O tempo avançou e o espaço mudou.
Mas o sentimento... esse, ficou.

Tragos de escarlates tesouros.

Entre a proximidade que tentávamos manter e o esquecimento que queríamos afastar, deixamo-nos cair... assim... num estado estranho e paradoxal que ainda desconhecíamos. (Aquela devia ser a morte, pois a vida já a sabíamos reconhecer). Juntos, deixamo-nos morrer... Morremos na demência dos sentidos, na amargura dos frutos proibidos, no desejo de nos termos quando nem isso tínhamos. Bebíamos sangue, o nosso sangue, o sangue do amor. A seiva que nos matava e nos mantinha vivos. O seu sabor era doce... Doce e azedo. Viciava... Viciava e acalmava. Tal como a nicotina, este era um aliciante que sossegava. Bebia-te de um trago só, e tu a mim. Rubros tesouros que nos anestesiavam estes deleites que tão depressa esvaneciam...

Como o aroma tão depressa evapora!, sem se despedir a última gota desaparece no fundo de vidro. Agitas o copo vazio... pedes outro.

Como a inércia tão devagar consola!, sem mais demora anseias nova circulação, artérias cheias, a rebentar de vida. Soltas o corpo... este já nada tem.

Eu quero.
Tu queres.
Queremos sangue novo.