Wednesday, April 25, 2007
Orgulho intragável.
Enquanto te gritava para saíres, rezava não sei a que Deus para que ficasses. Olhava-te a ir e mantinha-me queda, inexpressiva, com um ar de inquebrável. O meu olhar esperava que te virasses, que as tuas costas me dissessem esse tal adeus final e os teus olhos resolvessem encantar-me com o alívio de um breve regresso. Mas foi a tua sombra que me anunciou… e as tuas pisadas tornaram-se mais ligeiras e determinadas. Não te viraste, não olhaste para trás e eu, paralisada pelo meu vão orgulho deixei-me ver-te partir e nenhuma palavra te proferi, nem pelo teu nome chamei! O meu olhar teimava em não sair daquela porta, o meu coração palpitava cada vez mais de força com a ansiedade de ouvir a campaínha, com a esperança de te ver nesses segundos. Olhei a porta durante quase duas horas e acabei por desistir. Custou… mas apercebi-me por fim que tão cedo não voltarias. Agarrei-me a outra inútil expectativa, a de me telefonares ou mandares alguma mensagem… esperei… esperei… esperei paciente e fervorosamente que me dissesses algo, que me desses um simples sinal de vida. Tantas vezes olhei a janela do meu quarto esperando poder ver o teu carro estacionado à minha porta, nem que fosse para te ver de relance. Passaram dias… e a coragem para te falar ainda não existia em mim. Lutava entre a guerra da fusão de amor e orgulho… era o último que acabava por vencer e mais uma vez nada fazia. Passaram meses… esperava ainda por ti e ia semeando bocadinhos da minha alma na terra lamacenta a que chamava o meu amor mas, a única flor que chegou a brotar foi a dor, a mágoa de te perder. Passaram três anos e ainda penso em ti. Penso sim… e as lágrimas que ainda me caiem pelo rosto são agora de arrependimento por muitas ocasiões não ter cedido, dado o braço a torcer, perder a minha razão pela tua, demonstrar a minha verdadeira vulnerabilidade face às mãos de uma forte paixão. Não te peço para regressares, agora somente te peço para me ouvires, dir-te-ei que errei e que estou a pagar, justamente, esses erros de cada vez que contemplo uma fotografia em que lá estejas, ouço a tocar na rádio a “nossa música”, de cada vez que te vejo a vaguear, perdido, nos meus pensamentos. Conto-te isto porque não te quero amar mais, quero-me libertar definitivamente de ti, quero enterrar este amor e metade de mim que acabou por morrer com ele também. Peço-te que me compreendas, no fundo que me perdoes os perdões que não te cheguei a dar. Parte de mim morrerá, bem sei, porém, a outra que resta irá aprender a viver novamente. Vou-me esforçar para que a outra parte de mim volte a amar… Mesmo que tarde, só o nosso amor me ensinou a ceder…
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