Sunday, May 27, 2007

Vá lá...

Vá lá, puxa esses cordelitos...
Puxa o da direita e eu levanto o meu braço direito, puxa o da esquerda e eu levanto o meu braço esquerdo.
Dá-me textos para decorar, prosas de palavras apaixonadas e apetecíveis. Concede-me um guião inteiro para te declamar…
Arranja-me cenários, daqueles que parecem tirados de uma vida.
Oferece-me uns sapatinhos de cristal e aqueles vestidos purpurinados com todas as cores do arco-íris.
Prende-me somente entre as cortinas vermelhas e os fortes holofotes.
E promete-me, todos os dias, a mesma ânsia pelos aplausos finais…
Vá lá,
Faz de mim tua marioneta.
E eu…
… só não prometo é obedecer!

Wednesday, May 16, 2007

Harrowdown Hill

Thomas Edward Yorke, mais conhecido pelo líder vocalista dos Radiohead (banda inglesa de rock alternativo), lançou em 2006 o seu primeiro albúm a solo: The Eraser. Esta magnífica obra de arte, no meu ponto de vista, possui nove músicas inéditas que nos leva a uma outra dimensão, a um mundo aparte em que a electrónica nos hipnotiza os sentidos.
Conhecido pelo seu falsetto* distintivo que muitos consideram irritante e outros, simplesmente apaixonante, Yorke é possuidor de uma habilidade para encontrar e sustentar notas bastante elevadas.
Esta Harrowdown Hill pode ser vista como uma música de intervenção, sendo mais uma crítica que este activista político resolveu realizar, porém este trabalho vai muito além de uma simples crítica, basta olharmos o videoclip com um pouco de atenção e ouvirmos a música com ambos os ventrículos. Este artista de grande mérito cria autênticas relíquias com instrumentos como a guitarra eléctrica, o piano e um não tão comum: o computador. Yorke referiu que prefere computadores às guitarras e pensa que programas como Pro Tools dão ao músico maior poder na direcção de uma música do que os instrumentos tradicionais; e só cá para nós, se o resultado for sempre este: estamos contigo Thom!

*Falsete, do italiano falsetto, é uma técnica vocal através da qual um cantor emite sons mais agudos que os da sua faixa de frequência acústica natural.

Na iminência de…

Eu sou a chama da vela pousada na mesinha de cabeceira. Aquela que ilumina o pedaço de quarto onde me deixaram.
Tu és a brisa que invade discretamente pelo vidro partido da única janela desse espaço. Vens rodear-me e obrigas-me a dançar.

Danço por breves minutos no limbo da extinção. Trémula, narcotizada entre quentes tons, espalho o vermelho e o laranja em pedido de término.

“Queres ver-me dançar esta noite, não é meu bem?
Mas tem cuidado, pois se me soprares um bocadinho a mais eu apago-me
.”

Monday, May 14, 2007

Adeus.

“És a filha que eu nunca tive Sara…”

Bem… Penso que isto não se ouve todos os dias. Muito menos quando conhecemos suficientemente bem a pessoa em questão para saber que não lança palavras destas ao ar como quem só procura lançar um banal elogio. Acreditamos, como é lógico e sentimo-nos mais que gratos por… nem sei muito bem porquê! Mas na altura não só acreditei como passei a viver essa realidade. Lembro-me que a abracei com toda a ternura e afecto que tinha dentro de mim e só a larguei dos meus braços quando me senti vazia, lembro-me que não consegui conter uma certa humidade nos olhos quando ela mo disse e sorrira-lhe suavemente. Não estou a vangloriar-me, isso é patético, ainda por cima quando se tratam de autênticos sentimentos (pelo menos da minha parte). Eu passei a gostar ainda mais dela. A sensibilidade é algo que se nota, pode não ser à primeira vista, mas umas horas partilhadas já definem bem esse canto de personalidade de cada um. Pois bem, eu passei mais que “umas horas” com esta mulher, dediquei-lhe toda a atenção quando me falava, dava-lhe todo o meu carinho quando me precisava e cheguei até a sentir uma certa admiração humana por ela. Apesar do seu feitio, muito próprio e nem sempre estável acompanhava-a a muitas saídas, a muitos chás, a muitas conversas. Escrevi-lhe e dediquei-lhe pequenos poemas, pois ela adorava a forma dolorosa como eu escrevia. A vida não lhe tinha sido fácil. E já lhe conhecia o passado quase tão bem quanto o presente, que vivia com ela quase um bocadinho de todos os dias. Confiava nela. Confiava-lhe a minha Mãe. (Não que a minha Mãe seja minha posse, isso é outra coisa que não entendo no dito amor. No amor não existe posse, apenas protecção.) E ambas a ouvíamos, tudo aquilo que dizia e destruía à sua volta sob um manto de ovelha. Queria deixar todos na mesma solidão a que constantemente se submetia, já desde muito cedo. Virava tudo e todos contra ela e depois esperava que se virassem contra nós também… Pena (para ti), pelos vistos não resultou… não foi? Sozinha… Parece que é isso que te resta. Só isso... Não porque preferes o isolamento mas porque todos viram o lobo que és. Tenho de meter na minha cabeça que as palavras não amam. Não nos devemos deixar levar só por elas… Nem sei porque escrevo isto aliás! Porque se tudo foi uma farsa, não só as coisas que dizias e fazias, mas tu própria… Nem te devia dar tanta importância, pois não tia? Assim o farei, fica tranquila.

(Nem raiva, ou lá o que isto ainda é, sentirei mais. Só o desprezo de um esquecimento eterno.)

Saturday, May 5, 2007

O que sou (?)

Tenho procurado entender-me. Ou pelo menos descobrir-me. Mas pelos vistos, segundo um artigo que li no “New Scientist” a melhor forma de nos conhecermos é depositar todas as nossas esperanças na Ciência. Passo a explicar, devemos colocar de lado as tão conhecidas técnicas de introspecção e auto-análise (que confesso serem as que também eu recorro) e abrir portas ao conhecimento dos nossos próprios genes. Estes podem revelar-nos muito sobre a nossa saúde, personalidade, percepção, inteligência e atitudes, até destapar alguns segredos acerca dos nossos antepassados.


O nosso Destino, esse infelizmente, não está predeterminado no poder dos nossos genes. É pena… não?