Monday, December 31, 2007

Balanço 2007

Porque a maioria das vezes só se precisa de um olhar consolador, de uma voz serena, de um estar lado a lado no mais perfeito acompanhamento do ser. De sentir que estamos realmente acompanhados e não sentir um: 'sinto-me mais só do que sozinha'.

Este é o meu balanço, tenho dito! Feliz 2008…

Horas a fio.

O instante que foge.
A hora que morre.
A hora que nasce.
A ilusão do tempo.
O fio que escorre.
Que escorre e não se esgota.
Como água fria que se verte devagarinho.
E devagarinho molha toda a gente.
É a vida que escorre.

Sunday, December 30, 2007

In Rainbows



A minha próxima aquisição :)
Deixo-vos com um cheirinho de pura sensibilidade, que faz desta uma das minhas bandas preferidas.


Que Perfeição :)

Saturday, December 29, 2007

Porto de Abrigo.

Naquela hora as palavras não chegavam… não chegavam para preencher o compassado passar dos minutos. As palavras não carregavam a forma física do amor, nunca a carregaram aliás. Os actos em si também se tornavam insuficientes, pois não haviam sido criados pormenorizadamente para cada feito, mesmo tendo em conta as falhas dos ditos sentimentos. Os sentimentos falharam nos actos portanto, e as palavras, essas, foram esquecidas no tempo: os tais minutos cuja consistência não conseguia manter-se perfeitamente preenchida. O esquecimento em si metamorfoseou-se numa espécie de demência. Essa nova loucura resumira-se em mim pelo facto de que não parara de pensar sobre as palavras, sobre os actos, sobre as pequenas falhas e sobre os momentos que me faziam falta. Sobre o esquecimento que me levara ao desatino… (E assim sucessivamente, porque tudo isto não passava de um ciclo vicioso.) Sobre as horas… As horas que corriam e com elas nada traziam senão a nossa separação. As horas, meu amor, as horas entre nós. Talvez eu própria não me tenha apercebido do círculo em que me encontrara. Eu própria não percebera ainda que a natureza das poucas memórias tuas se havia enfurecido, e assim sendo, a minha mente, alma ou espírito (como lhe queiram chamar) desnorteara-se nos pontos de interrogação… Foram esses que passaram a guiar o meu caminho, a comandar-me. Eles turvaram a realidade. Eu deixara-me então ficar num mundo de sonho, resolvera perder-me por lá. Vivia a minha pseudo-realidade e magoava-me com ela. Que defeituosa e insuficiente ela me era! Era-me pouco ou nada. O que eu realmente precisava não era uma simples utopia mas sim o real. Não era a precipitação, o antecipar de situações, a ansiedade para que tudo desse certo desta vez que eu queria. Os pontos de interrogação, as incertezas e inseguranças, regressavam, regressavam porque começava a gostar. Começava novamente a sentir as palpitações do nosso chamado coração. O buraco que era buraco, porém que se estava a preencher finalmente. Não com as palavras, os actos, ou as promessas, mas simplesmente o sentir. O estar-se vivo e respirar, o estar se vivo e amar. Já não me bastavam as palavras ou actos que porventura escolhesse criar, queria somente podê-las ouvir e observar de um outro prisma, num outro corpo. De uma forma física que não a minha. Tinha de ser algo físico e palpável, necessitava ser corpo, mas ao mesmo tempo tinha de possuir uma alma. Tinha de permanecer em mim, não como uma passagem ou lembrança, não como uma batalha perdida ou um cansaço de luta, mas como uma constante segurança, aquela de quem ama e é amado.

O Silêncio destrói.


Ele:

“Não deixo de a abraçar um só momento. Não sei se é o medo de ela fugir de mim, ou se já a certeza de que quando o fizer, será de vez. Ela tem a mania irremediável de ser a mulher mais orgulhosa que alguma vez conheci!”


Ela:

“Sentia cada abraço dele como se fosse o último. É tudo tão efémero que até me apavora! Será este o último? Ele não parece querer largar-me…”


Ele:

“Este silêncio… tanto mói por dentro. Nada me fala, oh… como ela me despreza! O que estará a pensar afinal? Digo-lhe…? Digo-lhe que gosto dela como nunca gostei de ninguém e que é com ela que tenciono passar os restantes dias da minha vida?”


Ela:

“Não me larga mesmo… E é assim que eu quero continuar, enlaçada a ele como se não houvesse nada mais para valorizar. Ele gosta-me tanto que ate me sinto uma traidora, raios! Porque não consigo eu amar como ele? Será que isto que sinto é amar? O melhor é partir… eu não o mereço. Haverá certamente alguém melhor que eu para o conseguir fazer.”


Ele:

“Porque chora ela? É mesmo uma despedida… ela não me ama. Nada consegue sentir por mim. E nem palavras consegue encontrar para me despachar… por isso chora, de frustração, por não conseguir com toda a sua força maltratar-me.”


Ela:

“Gosto-o tanto… Atrevo-me a pensar o por mim sempre impensável: eu amo finalmente. O medo do amanhã desaparece, porque já o prevejo com um sorriso meu a seu lado. Mas pelos vistos não chega, porque nem dizer lho consigo! Ai, como ele me olha… é a culpa que sinto, deve ser isso.”


Ele:

“Como consegue ela ser tal fortaleza? Tão fria? Parece que nada importou até aqui…”


Ela:

“Nunca me irei esquecer dele.”


Ele:

“Era ela… Era a tal. Pelo menos até hoje o pensei. Mas afinal não o pode ser, ela não me gosta nem um pedacinho. Nem falar ela me consegue…”


(Afastaram-se de vez. Em silêncio. O mesmo silêncio de sempre. Desta vez para sempre.)


Wednesday, December 19, 2007

Pó de estrela.

Não sou mais corpo, lábios, braços ou destino. Sou antes a fraude de reflexo das expectativas, dos sussurros e dos gritos que derramas em mim... lutador peregrino, insaciável caminhante, cavaleiro, amigo e amante! Não mais me pertenço e me abrigo no derramar intenso destas lágrimas frias, quando desertificas de mim, a tua presença. Encontrasse eu as palavras certas para te dar sem ser as que te ofereço em forma de punhal. Encontrasse eu um pedaço de chão que te prometesse terra firme para plantar o teu futuro lar. Encontrasse eu a forma de matar os meus sonhos, de matar o vazio de mim, de matar a estúpida incapacidade patente de amar. Encontrasse eu em ti os meus novos sonhos e percursos estáveis que ambiciono percorrer... Encontrasse eu as palavras… as malditas palavras… as palavras certas para te falar de um sonho que me trouxesse de volta à terra de uma vez por todas e me levasse… me arrastasse em direcção aos teus braços abertos. Estou só. E é só que quero estar. Quero, porque sou pó, não sou estrela cadente como me intitulas, mas sim pó de estrela. Corpo morto do que foi outrora. Morto de luz, de vida. Sou pó e o pó não ama, o pó não sente. Quero enterrar estas cinzas que são o que sou. Enterrá-las para ninguém as chorar mais. Deixa-me morrer por aí, num canto bem longe de ti, num canto bem longe de todos.

Saturday, December 15, 2007

All I Need.

Do You Know How to Explain True Love?

Saturday, December 8, 2007

A Inefável.

Sobre o meu corpo pousou uma espécie de brisa dilacerante que golpeava e pintava as tristes e doces chagas em tons prateados de uma purpurina que seguia lealmente esse bafo. Corria um rio de prata, por mim, de mim e para mim, banhava os meus lençóis, a minha roupa, afogava a minha cara, escorria entre os meus cabelos e calava os meus olhos que choravam num pranto incolor e seco. Estava ali, cheia de confiança mas tão impotente. As minhas mãos, frias e lânguidas mexiam e dançavam em movimentos extasiantes, coreografados de um outro tempo, de um outro lugar, mexiam como se tocassem, mexiam como se o tacto as mostrasse de forma maternal de que estavam ainda vivas; que beleza arrojada me haviam oferecido! O brilho vertido deslumbrava as íris dos meus olhos e assim, começaram por subir à tona da minha epiderme combalida os primeiros sinais de uma dormência comovente. Sou altamente viciada nestes bipolarizados estados de humor, não passo sem eles. São a descoberta, o trago do novo em mim. O liquido prata que de todas as vezes que provo me aprendo. O peito estremece, no pulsar destas batidas cardíacas o líquido sobressai da superfície. Tu a meu lado e a prata em mim. A tua agonia, a tua estranheza, o teu entendimento e contemplação. Ris para mim no fim. E eu peço: “Repete. Repete-o. O meu alter-ego quer ouvir mais uma vez da tua boca o quanto gostas de ver o meu humor revirar." Eu expresso-me de variadas formas antes da verdadeira eloquência do enlouquecer. Sou uma pessoa fantasiosa e inconstante. Sou inefavelmente irremediável! :)