Entre a proximidade que tentávamos manter e o esquecimento que queríamos afastar, deixamo-nos cair... assim... num estado estranho e paradoxal que ainda desconhecíamos. (Aquela devia ser a morte, pois a vida já a sabíamos reconhecer). Juntos, deixamo-nos morrer... Morremos na demência dos sentidos, na amargura dos frutos proibidos, no desejo de nos termos quando nem isso tínhamos. Bebíamos sangue, o nosso sangue, o sangue do amor. A seiva que nos matava e nos mantinha vivos. O seu sabor era doce... Doce e azedo. Viciava... Viciava e acalmava. Tal como a nicotina, este era um aliciante que sossegava. Bebia-te de um trago só, e tu a mim. Rubros tesouros que nos anestesiavam estes deleites que tão depressa esvaneciam...
Como o aroma tão depressa evapora!, sem se despedir a última gota desaparece no fundo de vidro. Agitas o copo vazio... pedes outro.
Como a inércia tão devagar consola!, sem mais demora anseias nova circulação, artérias cheias, a rebentar de vida. Soltas o corpo... este já nada tem.
Eu quero.
Tu queres.
Queremos sangue novo.
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