Tuesday, December 25, 2012

Almas suturadas, com fios de incerteza.


E a incerteza espezinhava uma identidade já desgastada, semi-destruída pelos dias, corroída pelas horas e riscada pelas milésimas de segundo a que a rotina me foi corrompendo. A ansiedade queimava toda a certeza e desenhava um círculo fechado, a minha redoma de aço seria um circuito de incertezas que abafava qualquer decisão, como uma muralha erguida impossível de derrubar.

Repentinamente surge em mim o rosto da mudança, a presença de alguém que não se cansa em repetir o meu valor, seja lá ele ilusório a meu ver ou não, parece ser-lhe apreciado sem qualquer dúvida. Não o pertenço sequer e no entanto exijo com todos os poros da minha pele que seja ele quem me rapte deste relógio parado e me mostre o mundo sem medo.


Assolada por uma espécie de sorte nula cultivo o chão inerte abaixo dos meus pés para traçar uma estrada única que me leve a ti. Um caminho enlameado, cujos meus passos entorpecidos estão em piloto automático e simplesmente seguem sem qualquer hesitação, para o lugar onde as tuas mãos esperam as minhas.

Num estado de emergência cubro-me com uma capa de etérea vergonha e lágrimas que me gretam a pele de cada vez que grito a tua existência. Carrego a vontade e o sonho às costas. Passos pesados, vista cega, mas sentidos desmesuradamente apurados. A liberdade do despudor é o veneno que eu teimo em procurar no teu olhar e invés disso apenas vejo reflectida em bocados de espelho partido a imagem da minha decadência, encardida de um sentimento obsessivo. Um vislumbre turvo que teimo em me desacreditar para conseguir coexistir neste espírito sem lhe vomitar em cima.

Nessa órbita que me parece interminável, demente e tão inócua de perversidade perco a minha forma de menina inocente e ganho a nova feição de uma guerreira sem lei. Que não tentem deter este meu corpo morto cuja alma ficou suturada à tua!

Comum seria encontrar uma gruta fleumática à minha espera, na dita meta da minha perdição, contudo desta vez me parece que em vez de encontrar um deserto árido irei encontrar o porto de abrigo perfeito para me proteger de todos os fantasmas. Os que sempre me pertenceram e os que ainda nem foram baptizados.

Preciso da luz que escorre do toque dos teus dedos no meu rosto para me guiar neste caminho onde me pareces ainda sempre tão distante. Bem sei que sou eu que te empurro para longe, apesar da minha perpétua vontade ser a de te agarrar num abraço onde as respirações morrem e os semblantes se fundem num só.

Calma, que se enterre a incerteza, não irá precisar sequer de um funeral! Ninguém sentirá a sua falta, muito menos eu. 

Reorganização, vou precisar de um ajuste, mas sem confronto patente o trago que sinto na boca é tudo menos doce. 
Gostava de poder tirar estas amarras que me prendem os movimentos e me cosem os membros ao chão. 
Queria conseguir continuar a semear a calçada para chegar ao teu encontro, mas ouvi dizer que o meu funeral está a ser celebrado. 
Dizem que a incerteza entretanto me matou.

Monday, September 27, 2010

Algumas realidades...

A falta de promoção e a ausência de visão da empresa são os dois principais motivos apontados pelos portugueses para se despedirem dos seus actuais postos de trabalho, segundo um estudo realizado pela Regus. A fraca comunicação por parte da administração (41%), a existência de colegas mal-educados (28,3%) e o excesso de trabalho (23,3%) também são fortes razões para levarem uma grande parte a abandonar o emprego, seguido da falta de confiança nas competências dos colegas (21,7%) e das más instalações do local de trabalho (13,3%).
Não nos podemos esquecer que o stress provocado pelo excesso de trabalho se tem agravado durante a última recessão, em 2008, dado que as pessoas agora trabalham mais arduamente e durante mais tempo, por questões de ordenado reduzido e diminuição de gastos das próprias empresas que consistem essencialmente no corte de pessoal. 
Para além disso, os bónus e as regalias dos actuais postos de trabalho foram reduzidos para que as empresas consigam enfrentar as dificuldades económicas com maior margem de manobra, e os trabalhadores tentam assim ir para empresas que lhes prometam melhores condições e não necessariamente os salários mais elevados.
Achei interessante este estudo, revela muito do panorama económico e social do nosso País, a que velocidade ele se move e as infra estruturas que se estão a criar entre as entidades empregadoras e a nossa população activa... Que tal apresentarem algumas mudanças? O plano de restruturação económica parece fácil, não?

Monday, September 20, 2010

Comptine d'un autre été: l'après midi, de Yann Tiersen



Temos direito a pelo menos dois minutos e vinte segundos destes por dia para parar tudo o que estamos a fazer e respirar um pouco de calma...

Sunday, September 19, 2010

Alfazema ou Lavanda, para os entendidos...


Colher alfazema às duas da manhã e acordar com o mesmo perfume ainda nas mãos oferece-me sempre um óptimo despertar...

Friday, September 17, 2010

Perigosos Ímpetos

Eu penso cá para mim, há de surgir algo, algo particularmente belo, atractivo e estimulante, algo esteticamente uniforme e harmonioso, algo que por si só escrito exercite a mente e arranque um pouco de sensação a qualquer epiderme escrava da retina que lê este post. Porque a vontade está aqui, sentada ao meu lado a pressionar-me a escrever algo devidamente digno de ser lido e hoje não me sinto com vontade de contrariar a vontade. Hoje apetece-me ser obediente. Obediente e submissa. Apetece-me ser perfeccionista e cuidadosa. Apetece-me ser determinada e acabar com o que me propus. Já que não o sou nos dias básicos do meu calendário. Isto é demasiado perigoso, vou deixar-me fluir ao rumo das teclas deste teclado, vou ver-me escorrer lentamente através destas letras, cimentar-me nos contornos das palavras que surgem à velocidade-luz no ecrã.  
Isto é Perigoso, demasiado perigoso...
Entrei no campo do pensamento múltiplo, pois cada situação normalmente oferece um leque de ideias, agora é tudo muito sensato da minha parte quando o ponho por escrito, mas o chamado centro arriscado do momento não oferece reflexões sob pressão, exige apenas o instinto. Instinto esse que não pode achar nada estranho e que tem de tomar as rédeas da acção como que um pulsar fluente de sangue pelas veias numa mistura de adrenalina e inconsciência, só a acção interessa e o tempo não pára para eu poder pensar, nessa altura não obedeço a teorias nem a ciências, obedeço sim ás leis do impulso...Ai, o impulso…Aquele a quem eu me habituei a obedecer realmente! Não vale a pena racionalizar tudo aquilo que se sente, basta senti-lo e deixar a noção ilusória de felicidade implantada e auto-realização comprimirem-nos nesse mundo tão mutável na forma de embrião por crescer…como uma promessa desenhada na improbabilidade desta inconstância se transformar em algo estável e infinitamente apaixonante. É mais fácil saborear o trago do inesperado e conservá-lo como memória do que passar uma vida a tentar manipular sabores de forma a conseguir a receita ideal daquilo que efectivamente se quer!
Claro que agora o tempo do último instinto já passou e poderia reflectir devidamente sobre os milhões de pensamentos gerados, embora não filtrados, que dele surgiram mas sinceramente não me apetece tirar-lhe a magia! Poderia realmente analisar o instinto, o lado animal que nem sempre controlamos ou ousamos esconder, mas muito honestamente meia dúzia de frases e eu percebi que realmente este não pode ser dissecado nem estudado... Eu não posso criticar o meu instinto quando esse é verdadeiramente o meu maior definidor de carácter, aquilo que sou e faço quando tudo o que posso ser ou fazer está preso a eu agir de imediato. Recrimino-me se opto por não o fazer, ainda para mais quando sou obrigada a seguir determinados padrões que me são exigidos por outrem para não atribular com a moral de ninguém. Por isso perguntar seria estúpido e demasiado pertinente, por isso aguardar e acreditar na possibilidade do improvável voltar a acontecer seria também uma autêntica perda de tempo e de forças…ingredientes de que preciso para saborear a receita ideal daquilo que se quer e se procura, nos lugares que por vezes se repetem e nas pessoas que aparentemente nunca deixaram de nos pertencer mesmo que apenas no nosso próprio mundo.
Hum…Gosto…E espero continuar a gostar destes assaltos-surpresa do inesperado à minha suposta estabilidade e monotonia calculada a que é a prisão da sensação em que hostilmente nunca me forço a encarcerar.
È verdadeiramente mais simples não se acreditar no chamado Destino… Nós podemos e devemos comandar o rumo da nossa vida!  

A implosão ficou contida e não surgiu qualquer dano, contudo, surgiu uma explosão de expressão em palavras sensatas e medidas. Ela disse-me... para sorrir...Sorrio portanto. E enquanto não me surge uma ideia sobre a qual escrever, escrevo sobre as pessoas... Aquelas que felizmente nunca cessam em nos surpreender.

Sunday, August 1, 2010

Cinematic Orchestra feat. Patrick Watson



Vale a pena ouvi-la...vezes sem conta...ouvi-la com o coração :)

Saturday, July 10, 2010

She’s turning blue, such a lovely colour for you.

A arte da queda é saber esperar para voltar a acontecer...
E como tudo isto não passa de uma teia, de um ciclo vicioso sem aparente fim sei perfeitamente de que irá voltar a acontecer, por muito calmo que o ambiente possa estar.
Com mãos de criador vais me tocando, com uma vã esperança de ir deslindando algo que sempre esteve estripado, seguro apenas por poucos fios de cabelo mais quebradiços do que a própria palha-de-aço. As pupilas dilatam e a respiração corta-se no gume do desejo, apetecível por ser mais que condenável. Bem sei que nos usamos mutuamente, mas não há problema nenhum, afinal somos apenas dois sacanas demasiado egocêntricos e ao mesmo tempo sem qualquer tipo de auto estima para sentir seja o que for do caixão até à cova. Não há dúvida que a Inteligência se mantém mais tempo que a Beleza, por isso irei tirar todo o proveito de ambas enquanto posso. Nos tempos que correm quanto menos planos e ideologias para o nosso futuro tivermos mais força conseguimos ter para enfrentar a velocidade estonteante a que a vida passa. Porque nesta luta selvática em busca do motivo da nossa própria existência queremos ter qualquer coisa que dure, pelo menos para nos sentirmos vivos, algo com uma identidade permanente. É por isso que atafulhamos a cabeça de autêntico entulho e de factos, na vã esperança de conservarmos aqui o nosso lugar. Quanto mais a nossa mente estiver repleta de informação e experiência mais depressa nos tornamos em criaturas medonhas. É, basicamente, como uma loja de quinquilharia velha, cheia de monstros e de pó, com todos os objectos marcados a um preço bem superior ao seu próprio valor. Deverei ainda dar demasiado valor a tudo e a todos? Prefiro este percurso ao de estar simplesmente viva, porque afinal, mudar de vida desgasta... Empilhar em caixotes de cartão o que julgamos fazer parte do nosso lar doce lar, desmantelar um inferno para abrir portas a um bem pior cansa. A verdade é que eu sempre preferi o tormento à esperança e assim querer fazer malas para seguir até se tornou mais fácil. As lágrimas já não se desperdiçam comigo, com nada que tenha que ver comigo, nem mesmo com o que acaba por ficar para trás… Já tanto ficou para trás e nunca mais consegui deixar resgatar. Sou uma estranha… Embora me digas que não mudei em nada e me continuas a conhecer tão bem como a ti próprio, eu sou uma estranha. Sim, sou uma estranha até nesta cidade. As ruas que palmilho já não são as mesmas que eram quando eu era apenas uma criança, o movimento, os rostos, as casas já não me trazem alegrias. Ainda há dias fiquei apavorada ao ver uma senhora gritar quase ao ponto das suas artérias rebentarem, olhava para o céu da sua varanda e praguejava não sei bem a que deus, ela estava a morrer aos bocados assim como os prédios de toda aquela rua. Pode não ter nada que ver comigo mas um acontecimento destes, o presenciar de um descontentamento destes traz a minha própria melancolia ao de cima. O cerne da questão estará mesmo em mim que me deixei embriagar pela preocupação e o pessimismo, como se por alguma razão lógica à qual me escapa de todas as reflexões eu tivesse sido traçada com o fardo de ser uma velha num corpo de jovem. Toca-me e vem fazer de conta pois eu acredito em ti, vamos fazer de conta visto ser da mesma matéria que somos feitos. Depois preparas-me o pequeno-almoço e dizes-me de novo o quão bonita é a minha boca quando acordo e como os meus olhos ficam mais pequenos. Será assim até nos permitirmos continuar. As marcas aparecerão no dia seguinte, como sempre aparecem… A inteligência continuará a aumentar e a beleza dissipar. Até ao dia em que eu resolver de uma vez por todas ficar azul. Fechar-me no fumo e tornar-me azul. Quando te respiro e me queimas por dentro, num violento incêndio a estourar na minha garganta seca como pó a minha cabeça consegue desligar finalmente… Desliga. Dormência inebriante à qual é realmente mais fácil abraçar e não deixar fugir, tudo a andar à roda e tudo mais claro que nunca, sem pensar e mesmo assim a chegar até nós como uma lâmpada que se resolve acender porque simplesmente deixamos de querer saber. É melhor assim, eu sempre disse que era incapaz de fazer novos inimigos porque a pior que conseguia ter sempre fora eu própria. Resolver? Para quê tentar resolver? Encontrei finalmente uma maneira mais fácil de não temer o Futuro, basta-me apenas lembrar-me de que já não espero ninguém às minhas mãos. Vou fechar-me no fumo e tornar-me azul.

Sunday, June 13, 2010

Let there be Light...


“Desata as cortinas. Deixa um pouco de luz aparecer. Sinto-me tão sombrio...

Abre uma janela, por favor. Deixa entrar um pouco de ar. Sinto-me tão velho...

Levanta-me e leva-me ao peitoril. Deixa espreitar um pouco de cor. Sinto-me tão cinzento...

Fecha a porta. Fica aqui comigo e faz-me da tua a minha companhia. Sinto-me tão vazio...

Não queres entrar e ficar para sempre?”



O para sempre é sempre tempo demais... E é sempre no entretanto do para sempre que o mesmo de sempre misturado com o de nunca se entretém a desfazer e a dilacerar o que de sempre poderia ter de único se o mesmo de sempre nunca teimasse em aparecer.

Monday, June 7, 2010

The XX

O difícil é mesmo escolher entre a planóplia de melodias a música mais indicada para os ouvirmos de olhos fechados e sentir todos os acordes à flor da pele arrepiada...

Apesar da agitação em torno de ambos, o talento é indescrítivel... As vozes embedam-nos em descontracção e quase parece que nos transportam aos solarengos canais de Amsterdam!

PS: Quando seremos nós a tentar a nossa sorte? Só falta mesmo a bateria...E o local para os ensaios...ehehe.

Subtracção dos Factos.

Calculo que a probabilidade dos teus paleios enviesarem o seu caminho para no fim ricochetearem nas tuas acções é bastante reduzida… Ou estarei assim tão enganada?
Isto, porque efectivamente, o tempo é meu companheiro e irá bafejar um estalo provido de arrependimento que encontrará a tua bochecha esquerda desprevenida. Será esse acto raro e crucialmente desejado que irá detonar a minha mais estridente louca gargalhada. Nem o mais optimista prevê um desfecho favorável à tua saúde, principalmente mental que física.
Matematicamente falando não expresso equações e valores X...

Eu apresento apenas a solução.
Tu… Bem, tu já és algo que se perdeu na subtracção dos factos.
Geometricamente falando tu representas aquilo que ficou demasiado perdido e desfocado num banal ponto de fuga.
Como me tornei jogadora nata (às tuas custas) e tu és a carta fora do baralho, serás descartado, esquecido através de um bem maior.

O bem maior que é apreciar um mero e merecido minuto de silêncio em tua honra.

Sunday, May 30, 2010

Harvie Krumpet



Some are born great, some achieve greatness, some have greatness thrust upon them.....and then... there are others"


Winner of the 2004 Oscar for Best Animated Short Film, Harvie Krumpet



Às vezes também eu sinto que nasci neste mundo de cabeça para baixo e de trás para a frente. Tenho aprendido a lição e sigo o lema até mais não conseguir CARPE DIEM Aproveitem bem os vossos dias! Não é o Destino que se encarrega das nossas vidas...

Wednesday, May 26, 2010

Ética Punk

E no meio da conversa, ele remata com a seguinte conclusão:" tu és como eu. Caso não saibas tens Ética Punk":

Do it yourself, go after everything you want to and don't wait for other to do your shit.

Tuesday, May 25, 2010

Elogio ao Amor Puro

"Quero fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática.Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.
Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas.
Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá tudo bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas.
Já ninguém se apaixona?
Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo? O amor é uma coisa, a vida é outra.
O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores.
O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade.
Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar.
O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto.O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima.
O amor não se percebe. Não dá para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende.
O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal.Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem.
Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir.
A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não."

Elogio ao amor puro, Miguel Esteves Cardoso

Saturday, May 22, 2010

Meu querido Protector

Gosto desse teu jeitinho dominante de ti que me inebria em curiosidade e atrevimento. Extrovertido e caloroso que cora as faces só de cair sobre nós esse olhar insinuante que tem tanto de meiguice indecente como de intima inocência… És digno o suficiente e leal a ti e aos outros que nunca baixas a cabeça, nisso somos também muito parecidos… Serenamente determinado e lutador de todos os estranhos sonhos que fazem de ti o mais peculiar sujeito que conheço. Sempre me atraiu em ti esse teu ar de indolência ilusório encoberto de mimalhice independente e foi na diferença que fazias entre todos os outros que vi a minha própria semelhança a ti.
Acredites ou não voltaste a ser a minha assistência e posto de refúgio numa altura menos agradável e não, esta não é uma despedida, pois quero estar sempre rodeada de pessoas que efectivamente querem o meu bem e tu mostraste-me isso… Que independentemente do que se tivera passado anteriormente aquilo que deveria estar como prioridade era o nosso bem-estar. Sim, vou continuar a sorrir porque usaste a tua magia e conseguiste fazer-me perceber de que a vida me faz bem quando rodeada pelas pessoas certas.

Wednesday, May 12, 2010

(My) Eternal Sunshine of the Spotless Mind

I'm back and I want this Operation... So badly...

Clementine: Wish me a happy Valentine's Day when you call. That'd be... nice!

Joel: I could die right now, Clem. I'm just... happy. I've never felt that before.

I'm just exactly where I want to be.

Clementine: I'm gonna marry you... I know it!

Joel: Ummm... okay...

[as Joel and Clementine eat out, he thinks about the other glum-looking couples in the restaurant]

Joel: Are we like those couples you see in restaurants? Are we the dining dead?

Clementine: You don't tell me things, Joel. I'm an open book.

I tell you everything, every damn, embarrassing thing!
Joel: Constantly talking isn't necessarily communicating...

Clementine: You know me, I'm impulsive.

Joel: That's what I love about you.

Joel: I'm erasing you and I'm happy!

By morning, you'll be gone...