Sobre o meu corpo pousou uma espécie de brisa dilacerante que golpeava e pintava as tristes e doces chagas em tons prateados de uma purpurina que seguia lealmente esse bafo. Corria um rio de prata, por mim, de mim e para mim, banhava os meus lençóis, a minha roupa, afogava a minha cara, escorria entre os meus cabelos e calava os meus olhos que choravam num pranto incolor e seco. Estava ali, cheia de confiança mas tão impotente. As minhas mãos, frias e lânguidas mexiam e dançavam em movimentos extasiantes, coreografados de um outro tempo, de um outro lugar, mexiam como se tocassem, mexiam como se o tacto as mostrasse de forma maternal de que estavam ainda vivas; que beleza arrojada me haviam oferecido! O brilho vertido deslumbrava as íris dos meus olhos e assim, começaram por subir à tona da minha epiderme combalida os primeiros sinais de uma dormência comovente. Sou altamente viciada nestes bipolarizados estados de humor, não passo sem eles. São a descoberta, o trago do novo em mim. O liquido prata que de todas as vezes que provo me aprendo. O peito estremece, no pulsar destas batidas cardíacas o líquido sobressai da superfície. Tu a meu lado e a prata em mim. A tua agonia, a tua estranheza, o teu entendimento e contemplação. Ris para mim no fim. E eu peço: “Repete. Repete-o. O meu alter-ego quer ouvir mais uma vez da tua boca o quanto gostas de ver o meu humor revirar." Eu expresso-me de variadas formas antes da verdadeira eloquência do enlouquecer. Sou uma pessoa fantasiosa e inconstante. Sou inefavelmente irremediável! :)
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