Sunday, July 15, 2007

O tamanho não importa

O Amor não tem peso nem massa específica, e no entanto ninguém discute a sua importância na vida das pessoas, pois não?
Sabemos claramente que o Amor é que nos faz respirar, é o motor dos nossos corações, almas, personalidades… o que lhe queiram chamar. Mas mesmo assim, ouvimos certos “exemplares” quase que diariamente a “contabilizar” os seus feitos. Os chamados gabarolas :p
“Eu sou o melhor amante que já alguma vez conheci, já vivi não sei quantas paixões e deixei loucamente apaixonadas não sei quantas mulheres!” Grrr… Que idiotice! Agora também enumeramos as nossas conquistas?! E a intensidade e autenticidade em que as vivemos e fazemos viver, isso não importa?
Um outro exemplo é o tamanho da colectânea de discos gravados e vendidos das bandas que muitas vezes é questionado, como se o talento dos artistas dependesse do número de obras que já tem arrecadado. Como se este fosse uma espécie de garantia obrigatória para a qualidade. (Quando há afinal tantos artistas já de grande valor sem ainda nenhuma criação visível e tantos outros que criam diferentes obras com diferentes valores!)
E outro é a quantidade de objectos que possuímos, que recheiam a nossa casa, que fazem de nós seres mais ou menos ricos, mais ou menos respeitados (infelizmente é assim); o telemóvel, o automóvel, as marcas da roupa que vestimos, o número de peças que ostentamos no nosso roupeiro.
A porção de viagens que fizemos, as estórinhas que contamos aos amigos e familiares, as recordações materiais que lhes trazemos, os conhecimentos culturais que acarretamos às costas… tudo isto irá reflectir a nossa experiência de vida a partir daí; “ela já viajou por vários países, as verdadeiras elites da Europa: Alemanha, França, Inglaterra, you name it!...”.
O número das médias que obtemos após anos de aprendizagem que parece ser o único responsável pelo nosso valor cognitivo; o número das pequenas asneiras que fizemos até aqui é o reflexo da nossa responsabilidade e maturidade.
Tudo isto é muito, aliás é demasiado relativo! Para quê transformarmos tudo o que somos e nos rodeia em números? Tudo o que fazemos tem de entrar para a dita “tabela” da vida?
… Por acaso gostava de um dia verificar a veracidade dos resultados de tais contabilidades!