Tuesday, April 17, 2007

Íman.

Foi ali...
Que a minha definição de espaço ficou marcada no pensamento, como no lugar da vítima ficam marcadas a giz as linhas do seu corpo. Foi em riscos de giz, foi em riscos de giz que sublinhei os vértices da imagem do espaço e salientei os seus pormenores. Soprei com afinco as cores pálidas e fúteis e complementei assim a minha tela, antes limitada ao pálido formato monocromático. Era branco, costumava ser, até acrescentar diferentes tons de várias cores para o pintar.

Pintei o espaço agora que já o sabia.

Quantos espaços não ficaram já presos no purgatório das meras imagens? Esses lugares, onde o mais importante, não é o espaço apenas. Ele serve somente de cenário para um acontecimento do qual nunca ou dificilmente esqueceremos. Pois os espaços são apenas a morada da metamorfose dos actos em eventos.Os espaços não são nada sem as pessoas. Sem os processos de memória de quem vive e sente. Sem o tempo para os viver.Como tal, não, não nos abstraímos do espaço, mesmo sabendo que não é ele o fundamental.

E é aí…
Que a definição do tempo surge em mim como uma imposição de esclarecimento.
Tento pintá-lo…
Mas faltam-me filosofias para o desvendar, faltam-me descrições para o definir. Falta-me ainda tempo para o compreender.
Não o consegui pintar… Afinal faltavam-me ainda tantas cores para o conseguir!

Estabeleço o tempo parando-o.
Lembras-te de quantas vezes o tempo parou à nossa volta, e onde passou só a existir o “algo”…? A única movimentação presente era o cortejar dos nossos olhares, o abraçar dos nossos corpos, o delinear dos nossos sorrisos. Eu lembro-me dessa noite. Desse espaço. Desse tempo. Lembro-me de ti. Do nosso “algo” inexplicável, daquele a que intitulamos de “estranho íman”.O “algo” que sempre precisou de um tempo para existir e de um espaço para acontecer… Precisou de ti, de mim, para que guardássemos todos os pormenores na memória.

Contudo esquecemo-nos…
Não sei se preferimos ou se foi apenas o inevitável. Nem sei se este tem sido um breve “esquecer” para mais tarde voltar a perseverar. Só sei que...

O tempo avançou e o espaço mudou.
Mas o sentimento... esse, ficou.

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