Monday, December 29, 2008

There are two colours in my head.

Ok, ok… eu admito. Eu tornei-me na minha maior inimiga.

Hoje, eu não sou eu. Hoje acordei louca, por vezes eu sou de facto louca no corredor da minha inocuidade, enquanto o percorro ponho-me a pensar no que sou, no que faço. Quando olho para esse corredor, dentro de mim, vejo a entrada para duas salas onde numa está uma eu e noutra está uma não-eu. Afinal qual das duas serei eu verdadeiramente? Fantástica questão, eu pergunto-me. Incrível imposição, a de querer entender sempre tudo. Eu pertenço-me, dilacero-mo, logo existo e antes disso conjecturo. Da forma mais negativista, mas não interessa. Hoje acordei agoniada, hoje acordei morta. Evadi-me para onde me apeteceu e fiz-me de mim outra. Eu sobrevoei, eu ri, eu aterrei. Mas como? Olhei à minha volta por uns últimos minutos e apercebi-me de que estava tudo igual aquando fechara os olhos, nada tivera sido distorcido da realidade. Será que era eu? Ou eu aqui? Será que já não consigo mais morar em mim ou comigo aqui? Concluo que sim, que sou sempre eu que distorço a realidade por vontade própria. Mas qual realidade? Será que em qualquer outro lugar tudo aconteceria normalmente ou sou eu que já não sei acontecer? Será que esgotei? Ou saturei? Será que me enjoei, cansei e já não me consigo suportar mais? Como acabo sempre por sentir pelos outros… Será o quê? Será que só aqui eu não me encontro? Não me encontro. Um fantasma a rondar a minha casa? Ou uma outra alma que se encostou à minha? Não entendo. Não sei o que faz falta. Ás vezes sei, mas teimo em manter a ideia que as coisas têm de ser assim porque se foram assim um dia então não têm que ser de uma outra forma. Mas sinto a falta de um ânimo que me fugiu. Sinto a falta da intensidade que sempre morou em mim. Sinto falta deles, delas, dele, dela, das euforias e gargalhadas, da liberdade e despreocupação. Sinto a falta de um movimento que parece que desacelerou na minha vida, mas que curiosamente sinto que sucedeu porque eu decidira abandona-lo. Parece que preferi não vê-lo mais, como se estivesse sempre ao meu lado mas a minha miopia propositada fosse demasiadamente elevada para me permitir discernir tal. E depois de todas estas conclusões sinto revolta, porque olho e não vejo. Na verdade, eu preciso de uma revolução, não sei se aguento ate lá, ate porque quando esse lá chegar pode nada mudar. Sinto-me presa. Presa a protótipos, a necessidades, sensações, pressentimentos e recordações. Dia após dia, a uma existência que não me pertence mais e eu insisto em vivê-la, totalmente presa. E pela primeira vez na vida reconheço a carência mais que urgente de dar um salto já, para um abismo ou superfície, mas mais que tudo para um abismo desconhecido. As varandas desta casa chamam-me a atirar-me qual esfera submergível, porém não me persuadem pois já conheço o seu chão. Eu quero apagar-me. Já que não sou soldado, nem sei combater com coragem após ver sangue derramado, prefiro ser artista e reinventar-me de novo. Começar o ciclo todo de uma vez, para que ele me embriague com o sabor da novidade e não me traga o acre da dor e da saudade, o fútil da comparação e o fastio da repetição. Sinto a falta de um nada e de um tudo. Sinto a falta de algo que se calhar nunca tive, nunca aconteceu, ou que se calhar já está a acontecer. Provavelmente sinto a falta de arriscar, de simplesmente viver e não me preocupar com toda esta treta. A vida é um círculo fechado. Acabamos sempre por voltar aos mesmos sítios. E quando não voltamos, os sítios regressam a nós em forma de dejá vu. As pessoas que conhecemos entregam-nos a lembrança das que outrora conhecêramos. Ás vezes basta um toque, um cheiro ou uma palavra. Ás vezes, deixam-nos um sorriso, uma lágrima, ou simplesmente a saudade. Mas cabe-nos a nós alterar os círculos viciosos e reinventar o viver!

Eu já não estou ali. Eu estou aqui. E o momento já passou, deixei o meu demente corredor branco. Ficou o tempo que estava ainda para chegar. Eu já não estou ali e isto está realmente a acontecer. Eu queria ser outra que não eu, ou de outra forma estouraria, mas afinal desta vez vou tentar arriscar, vou tentar viver, comigo e com a outra de mim. Aprender a gostar-me mais, para conseguir gostar de alguém de verdade. Não vou deixar cansar-me de ninguém, nem mesmo de mim própria. Tu queres-me? Então, procura-me. Vem encontrar-me. Eu tenho estado à tua espera. E nada… Nada. Nada. Vem, meu amor… Eu estou pronta. Eu agora já estou pronta.

Tudo no seu sítio certo. Cada dia como se fosse o último.

:)

Sunday, July 13, 2008

Amo-te, como um passarinho morto.

A memória é tão curta. A carne é tão fraca. A oferta é tanta. O hábito é tão cruel! Não sei como tive coragem de o fazer. Só sei que não voltarei a tê-la, nem quero. Sofrer por sofrer, prefiro sofrer com o sofrimento, sem esse acréscimo insuportável de dor sem rosto, de ausência e solidão corajosa mas masoquista. Pelo menos, o sofrimento tem um nome. Agora esta descrença, esta falta de esperança, só me enterra cada vez mais fundo na lama da melancolia. É como soltar um saco de papel ao ar e vê-lo aguentar-se durante horas, a desgastar-se, descobrir que voou enquanto pôde mas sem motivo, sem nenhuma razão para além daquela expectativa de observar até onde ele resistia chegar, sem qualquer destino ou galardão no final. Para que nos vamos desfazer afinal, se o voo só dura até onde as nossas forças suportarem? De que valem os rasgões, os golpes, a auto destruição? Se é para isto, prefiro não voar. Deixem-me rente ao chão. Para sempre.Peço desculpa a quem me visita, mas este silêncio vai calar-se por uns tempos. A minha sanidade mental e estabilidade emotiva estão algo dependentes disto, de um esquecimento total, de um luto por completo.

Prometo regressar… um dia.

Experiência.

Não é nada sério. Mentalizo-me eu, ininterruptamente, com o meu martelo consistente e obsessivo de consciencialização a martelar esta frase no meu bom-senso. Podes deixar-me por minha conta, pois não tem nada que ver contigo. Minto. Tem tudo que ver contigo. Quase consigo provar a dor que senti na altura, como se de sangue se tratasse a passear-me a boca depois de a ter mordido, assim que vi perante os meus próprios olhos a comprovação do que me haviam falado poucas horas antes. Eu não quis acreditar. Eu não podia acreditar. Não podia aceitar aquela verdade que desde que te conheci viveu sempre em mim em forma de dúvida, mas realmente não existe nada que possas fazer para além do que tens feito. Agora quem precisa de tempo sou eu, de muito tempo para digerir.
Realidade. A mais crua de todas. Na realidade, eu nunca soube digeri-lo e é como se estes quatro anos não tivessem bastado. Eu penso que nunca se tratou de gerir, porque não havia nada de concreto para gerir, mas antes de sentir e acreditar. E se for sincera, sim, custa saber. Custa tanto saber que sei que isto nunca me vai largar, passe o tempo que passar, viva o que viver, eu não vou conseguir esquecer. Custa ver, ver aquilo que sempre preferi esconder da minha vista. Custa aperceber, perceber o que no fundo sempre suspeitara e diziam todos os que te conheciam ser verdade em tom de brincadeira e gozo. O “esperar para ver” também custa, e de um momento para o outro, não esperei, tentei libertar e veio tudo à superfície. Ouvi, senti, sofri. Novamente e uma vez mais, uma nova forma de dor, agora um diferente motivo, mas da mesma e da única pessoa de sempre. Fui apanhada de surpresa, apesar de no fundo já o saber, as palavras atingiram-me de igual brutalidade que me rasgaram o chão e me deixaram desamparada no meu próprio profetismo.
E eu… Eu já nem sei como me sentir, muito honestamente. Não sei se desta vez tenho razões para me sentir a principal culpada, ou se aquela realidade já fazia parte de ti e tu apenas a querias assumir de vez. Eu já não sei…
Terei sido mesmo uma experiência? Afinal sempre tinha sérias razoes para me sentir uma cobaia de laboratório… Mais uma hipotética verdade à qual prefiro não acreditar. Prefiro saber-te morto. É frio e desumano pensá-lo mas acredita que não é de todo preconceito meu, não sofro desses males. É antes o querer que permaneças em mim como aquele por quem me apaixonei e me correspondeu emocionalmente na mesma medida desde muito cedo. Dizem que há coisas que já estão predeterminadas a acontecer nas nossas vidas, mas eu pergunto-me, será que merecia? Ao fim deste tempo todo, da espera, da mágoa em silêncio, da lealdade, será que merecia ainda mais este castigo? Devia ter feito como sempre me disseram: “esquece-o, ele já não existe”.
Estupidez? Sim, admito. Inacção? Sim, admito-o. Possibilidades? Não creio que as haja, porém depende e sempre dependeu apenas de mim. Pelo menos, continuo a acreditar em mim, nem que tudo não tenha passado de uma pura e simples fantasia minha. Na força das minhas torturas e mazelas transpostas ate para outros patamares continuo a olhar para trás e a encarar toda a possibilidade que me fugiu por entre os dedos, mesmo que aquela tivesse sido a minha maior queda de sempre. Aquela, não que eu não soube como agarrar, mas que no fundo foi a que sempre larguei. Como se quisesse, como aquela que se quando pretendesse me bastasse apenas estalar os dedos e ela se recuperasse. Como se nunca tivesse existido tempo a separar-nos. Será que eu o teria evitado? Será que estaríamos felizes ainda? Não sei… Nem quero saber. Para mim, o luto continua…

L uz & S ombra.

Está escuro…

Há uma luz que se acende.

Tu és a luz desse lugar. A única luz que alumia uma vasta escuridão. Uma sombra comprime-se e esvai-se na penumbra. Eu sou a sombra que tu fazes e agora se retira. Eu sou a sombra que se perde por ali enquanto tenta alcançar a tua claridade. Tu és a esperança que se reduz numa linha ténue de penumbra que indecisa, não é luz nem é escuridão.

O último a sair apaga a luz, meu amor...


Um segundo.

Paro o relógio de pulso. No último segundo tudo á minha volta pára. Um só segundo e eu entro em histeria compulsiva, um só pulsar e a minha mente passa para um outro nível, um nível de caos, onde a forma não respeita a cor e a destrói. Eu já nem sei se era cor, se era negro, ou se tudo passou a ser branco. Se aquilo era escuridão ou uma luz tão intensa que se tornava cegante. Com toda a certeza sentia-me contudo era uma estranha, o silêncio reinante embebia-me num estado de dormência. A mudez das vozes e a paragem automática de todos os corpos que na altura deambulavam naturalmente nas ruas apurava-me os sentidos. Olhei à volta, a cidade já não parecia a mesma, tudo desaparecera; as casas, os carros, as ruas. Mantiveram-se unicamente as pessoas, numa órbita tridimensional que desconhecia. Os rostos destacavam-se nessa dimensão incolor e infindável… nenhum deles reconheci até que vi o teu no meio das demais. A única cor que consegui definir naquele espaço foi a que trazias vestida. Eras tu no escuro, eras tu na luz. Parecia que nunca conseguia estar no mesmo sitio que tu, excepto quando enfim tentei dominar o tempo. Dominei o tempo, aquele demónio que sempre nos perseguia e dividia. Aproximei-me de ti, afinal sempre era capaz de me mover ao contrário de todos os outros. Fiquei a uns poucos centímetros de ti e tu olhavas-me estático, numa perplexidade mórbida que não mostrava sequer um mínimo sintoma de movimento. Toquei-te na face e senti calor. Beijei-te os lábios com saudade e senti a tua respiração. Existíamos ainda os dois no meio daquele cenário de vida morta. Existíamos e estávamos ali juntos! Era aquele o sítio, o sítio onde o corpo mata a alma. E tu nem assim me falavas. Nem por saber que estava próximo o caminho para o fim. “Amor, o silêncio não é o caminho certo… falemos que o céu está a chegar…”. Aqui, o corpo mata a alma, é aqui onde a alma morre para o politicamente correcto. A alma torna-se submissa e descrente, solta-se do corpo e fica a pairar no ar sem perspectiva de cair. Sinto uma calma a advir, uma calma ainda mais plácida que aquela que conseguia ver na estagnação e quietude de todo um segundo. “Ficas perfeito assim… tão tranquilo, sozinho e fiel. És encantador quando me és fiel… Sublime como um anjo.” Quando paraste ficaste com um ar de sorriso na face, um olhar terno e tão apetecível de uma doce inocência que desamarravas do teu corpo lentamente. Tu podias agarrar a minha alma com uma só palavra tua, só tu e só naquele instante, conseguias acorrentar-me a alma desobediente ao meu corpo para que pudesse eu voltar a acordar o relógio. Eu comprometia-me a consertar o tempo, fazê-lo desta vez jogar a nosso favor. “Dá-me uma palavra. Uma só palavra. Pode ser o teu perdão, porque eu acho que esse é o verdadeiro motivo da desertificação do meu ser.” Não me queria resignar e vaguear à deriva de um sentimento de culpa até ao resto dos meus dias. E é absolutamente surreal ter a noção de como tudo acontece num momento tão rápido, de como tudo ao mesmo tempo evolui para um processo tão lento e doloroso na própria rapidez e sagacidade do momento que até aí consegue ser demasiado fugaz! Eu acredito que é aí, aí mesmo que mostramos realmente quem somos, nessa fracção de tempo, nessa partícula do ápice, do instante que deixa saudades. Somos rebaixados em praça pública e pouco importa se os olhos que nos observam estão vidrados, que os corpos estejam paralíticos e que as mentes se encontrem paradas em colapso intelectual passageiro, o que importa é a vergonha que não deixa de se sentir, a vontade de se ouvir um perdão e acreditar que somos perdoados. A vontade de remediar e reconstruir o quebrado. É essa vergonha e pedido de compaixão, que vem da vontade que nos leva a contemplar a nossa própria morte física no cenário e momento que melhor idealizamos para ela. Culpa… redenção… arrependimento e expectativa. Voltar a acreditar na esperança e lutar por ela. Ser o melhor que conseguimos ser e pensar que tudo isso tem um objectivo ou um propósito. A verdade é que não tem, e foi precisamente por isso que não chegaste a falar. “Não vale a pena falares, já não quero ouvir mais nada. A nossa mente mente e eu não quero ouvir a tua.” A mente nem sempre fala o verdadeiro e o coração sente que a mentira é a verdade simplesmente porque assim o quer…

E assim morrem os amantes inocentes, cujos corações preferem nem ouvir.

Regresso a casa.

Espelho meu, espelho meu, existe alguém tão mutável quanto eu?

Houve um momento. Um simples e singelo momento em que eu me olhei ao espelho e não reconheci a cara que ele pintava. Os traços que surgiam à velocidade a que agora escrevo, quase que fulminante, pareciam-me distantes de um rosto tão familiarmente esquecido. Foi um momento óbvio de reflexão, um momento óbvio de introspecção. Uma tentativa falhada de compreender de que matéria afinal era eu feita e porque é que estava em constante mutação degenerativa. E constrangia-me olhar para aquela cara, para aquelas linhas agora tão despersonalizadas de mim. Em dias como o de hoje volto a acreditar que sou o que eu quiser.

“Abri as asas e fui ser tudo o que eu sempre quis.”

Cansei-me de uma espera que já não tinha sentido ou objectivo patente. Hoje volto a ser eu. Talvez uma versão melhorada de mim, mais instruída e menos credivelmente vulnerável.

Partilhamos [des]ilusões diferentes.

Para a constelação mais perto de mim que afinal tão longe está.

Havia alguma coisa mais forte, algo maior, que não nos queria ver juntos, era impossível que tanta coincidência nos afastasse sem haver alguém ou alguma coisa por detrás dessa distância intransponível. Foi só quando o conheci que me apercebi de como o nosso coração pode ser paradoxal. Porque com ele aprendi que não existem quaisquer limites para o coração. Não existem limites para o coração mas, este precisa irremediavelmente de os ter, exige-os sempre para depois os superar, porque é só sentindo mais além do que aquilo que as forças lhe permitem que ganha a verdadeira certeza que sente. E as forças do meu coração para com ele sempre excederam qualquer expectativa…

Tua, Andrómeda.

Desculpa-me.


Desculpa-me por tudo o que nunca te disse, tal como eu te desculpo por tudo aquilo que me mentiste.

Os meus sonhos são cores.

Por vezes sabia bem não ter que acordar.

Agora sigo com o vento…

Se quiseres, apanha-me.


Ainda, uma Dúvida.

Penso que se conseguimos realmente sentirmo-nos felizes sozinhos, o mais provável é não conseguir essa proeza acompanhados. Ou será que sim?

A minha vida…

Por minuto de silêncio…


Inércia consequente do devaneio.

Aquele tédio que Pessoa conhecia tão bem. Também eu estou desfragmentada. Não reconheço nenhum dos meus pedaços.

Abraça-me…

Faz de mim um prolongar do teu próprio corpo. Fá-lo para, pelo menos, saber onde termino.

Acabo, quieta, nos braços escuros de uma noite. Embalada no sono de outrem, presa e viva no sonho de alguém que não me avisou que também sabia sonhar.

Das mãos que enlaçavam as tuas.

Acordei de manhã com uma estranha luz forte que entrava pelas frinchas da persiana da janela. A sair do quarto reparei que na cómoda estava um papel escrito a azul:

Dormes como um anjo.

Nada mais. Reconheci a caligrafia, questionava-me era como é que aquilo fora ali parar! Arrastei-me para a casa de banho e deixei correr um fio de água. Lavei a cara, olhei-me ao espelho e senti-me algo tonta. Molhei os pulsos, a água escaldava nas minhas mãos, mas sentia frio pelo corpo todo. O meu frio vinha de dentro, não tinha nada que ver com a temperatura exterior. Era como se a minha alma estivesse entalada numa corrente de ar gelado. Como se uma parte de mim se estivesse a rasgar, faltava algo em mim que fosse suficientemente forte para me cobrir e proteger. Talvez sentisse a falta de um abraço, talvez… Não sei especificar. Minutos depois meti-me no carro e comecei a conduzir até a tua casa. Olhei o relógio. 7:15, do 6 de Abril. Era demasiado cedo para te acordar e demasiado tarde para te dizer que ainda ias a tempo de me recuperar. Deixei então um bilhete à tua porta e nele dizia:

Partir numa pestanejada dói.
E muito. A minha dor começa aqui.

Saturday, July 5, 2008

Eu expus as tuas mentiras e no final ri-me de todas elas. Da inércia emergente do teu corpo e do barulho estridente das palavras que me arremessavas em lanças de chamas eu construí a tua própria decadência. Maquiavélico pensamento este de rever o meu passado em vingança actual, não? Este ódio que agora me é tão próprio, que me é tão meu, dá-me tudo o que preciso, ajuda-me a coabitar nesta órbita desequilibrada. Tudo em ti e tão fácil de ser admirado… Ser-se imbecil, fútil e ainda assim conseguir aliciar. Tu metes-me nojo do tanto que te adoro! Os jogos doentios que usas em mim… Esperança vã que me assombra de cada vez que abro os olhos e desfragmenta a minha sanidade. Parece que começo a acreditar nesta dimensão como que se fosse a tal que me vai salvar da indeclinável demência do Ser e manter-me estável para o resto dos meus dias. Estou a começar a acreditar na descrença. Estou a aceitar a dúvida como prémio de consolação, ela é e será a resolução final para todas as minhas perguntas e receios.

Friday, July 4, 2008

HYSTERIA


it's bugging me, grating me
and twisting me around
yeah I'm endlessly caving in
and turning inside out



'cause I want it now
I want it now
give me your heart and your soul
and I'm breaking out
I'm breaking out
last chance to lose control

yeah it's holding me, morphing me
and forcing me to strive
to be endlessly cold within
and dreaming I'm alive

'cause I want it now
I want it now
give me your heart and your soul
I'm not breaking down
I'm breaking out
last chance to lose control

and I want you now
I want you now
I feel my heart implode
and I'm breaking out
escaping now
feeling my faith erode

Thursday, July 3, 2008

O esquecimento pontual de um outro fantástico acontecimento foi o meu primeiro sintoma, na altura aqueles pareceram ser simplesmente os melhores momentos que uma vida pode chegar a conquistar, foram capturados pela objectiva, e mantive-os bem chegados a mim, mas agora que quero memórias novas as lentes distorcem as fotografias. O contorcer dos rostos confunde-se com uma dormência fora do comum. Em vez de um sorriso se esboçar os lábios preferem desenhar um descontentamento tamanho que arrastam os seus cantos ao queixo. O flash nunca chega a disparar. Os olhos escondem-se, as mãos soltam-se, e o amor perde-se no ar. O coração desvanece-se em estilhaços. Então, ouve-se uma voz ao longe, uma voz de mulher, ela parece sussurrar, com uma voz límpida, terna e segura… Sussurra e canta suavemente as letras que a música de sempre tanto insiste em coexistir dentro de mim. Esta é a beleza do meu horror, uma melodia, curta, que só eu consigo escutar. Uma tensão sobe desde os meus pés até à ponta dos meus cabelos molhados, um suspiro rompe levando algum do fado que carrego. A roupa que trago vestida pesa-me toneladas. Estranho como estou no meio da rua e nenhum carro resolve aparecer. Que pelo menos esta chuva escorra de vez o que há de putrefacto para vazar. São cicatrizes que nunca vejo sarar. Esta chuva queima, corrói e faz-me renascer de fora para dentro. É o que eu quero. Sossego… ele vem ter a mim devagarinho, como uma criança com medo do Papão, ele resolve arriscar a visita as ruínas áridas que trago comigo desde que te foste. O sossego leva-me para casa. Aí não me lembro de muita coisa, do caminho que tomamos, dos rostos que vimos e dos olhos que evitamos. Lembro-me sim que não tive forças para arrastar o meu corpo ate ao meu quarto e optei por ficar deitada no chão da sala. De cara colada ao chão, como podia não sentir o frio?! Terei caído? O que me mantinha desperta era o barulho do relógio de pulso que a dada altura desistiu de se fazer ouvir. E depois veio o sono… Dormi. Acordei. Voltei a adormecer. Eu consegui finalmente voltar a adormecer após tantos dias sem pregar olho. E depois o sono já não me queria libertar, comecei a dormir melhor e durante dias seguidos, mas comecei também a acordar pior. Durmo cada vez melhor agora que já não penso na futilidade da saudade quando me deito, mas em contrapartida acordo cada vez pior, assim que sinto futilidade quando acordo e vejo que não existe uma rota para eu perseguir, mesmo de olhos vendados e pés descalços se for preciso, ate ao seu verdadeiro fim. Não existe vida por trás das paredes da minha redoma de gelo, não… e dia após dia convenço-me que não existe sequer qualquer vida dentro delas. Quatro paredes que só se mantêm erguidas para me ver cair, constantemente, dentro de mim. E aqui vou ficando, Outubros seguidos. Outonos que antes eram mais castanhos e mais doces... As folhas tinham mais cor, o vento era mais quente, o sol era mais brilhante e o silencio... esse... só me servia para as pequenas pausas das composições em que criava as deliciosas melodias e os contagiantes ritmos dos sentimentos. Entre risos e afectos, nutria-os de vida. Para que depois… eu própria pudesse viver.

Friday, June 27, 2008

COMBUSTÂO

Um barulho de fundo. Como um tilintar de gotas a cair numa bacia de plástico. Uma percussão, um compasso constante, como uma Pulsação. A velocidade dela. A velocidade dela a aumentar. A velocidade veloz que não se deixa ficar, a fugir de si mesma e a ricochetear nas vértebras de todos os timbres que eu própria tento ditar em forma de lei de exterminação. A escuridão. O negrume que engole a superfície, a completa base, o chão que os meus pés usam para suportar todo o meu corpo. A cegueira e a alegre histeria. Foi a dança. Foi a dança que dançamos no escuro. Foi a Babilónia dos nossos batimentos internos, a manhã das nossas máquinas cardíacas, a fantástica mistura de hormonas e sensações em fragmentos de segundo! Foi o maior truque do cérebro: a paixão.


Thursday, June 26, 2008

I guess I’ll see you in hell.

Acho que estou em apuros… Não sou perfeita. A perfeição é tão monótona que me cansa só imaginar como será. A minha voz, essa não é límpida e suave como a de um ser celeste e tão pouco o meu rosto é um rosto angélico que me cubra de falsa inocência! A verdade é que nunca aparentei ser o que não sou e orgulho-me disso. A questão não é mudar quem sou. Não quero ser outra de mim ou outra de alguém. E o meu jeito é um outro jeito de amar, não me podem censurar por ser simplesmente incomum.

O problema começa quando:

Deixamos de precisar de motivos.

Os porquês, os para quês.

Deixamos de precisar de rotas.

Os de onde e os para onde.
Deixamos de precisar de possuidores.

Os de quem e os para quem.

O problema começa quando o que regra é unicamente o nosso capricho, a vontade. As pessoas passam a ser uma coisa que se quer. Aprendi isto contigo.

E portanto, tu, tu serves-me de amante nas horas mortas.

Eu queria conseguir parar aqui.

Queria tanto parar agora e conseguir ser como tu.

Eu quero mesmo parar aqui.

Carrega no stop e espera.

Vamos ver o que acontece.

Wednesday, May 28, 2008

./eu

Eu sou uma feita de mil milhões de outros.

Não queiras

simplificar-me.

Friday, May 23, 2008

The day I’ve turned to glass

Este é o dia em que finalmente me torno vidro. Cold to human touch. Transparente à vista humana. You can see trough me. Podes ver através de mim, mas dificilmente vês o que guardo por dentro. I’m fearless, but also so vulnerable. Sou facilmente quebrável, mas tão resistente ao tempo. Break me, darling! Assim que partido, tem cuidado que sou cortante. I’ll cut you with my sweetness. Experimenta passar os teus dedos na superfície irregular que apresento. Feel the sharp edge of my skin. Sangra-me o teu sangue depois de me teres quebrado. Only your blood will melt me. Eu agora sou vidro frio.

Saturday, May 17, 2008

fica a Fotografia.

Lembra-te de mim, querido. Lembra-te de mim sempre que fores à praia de Labruge. Pensa em mim quando uma criança te encantar. Recorda-te de mim assim que leres um qualquer romance do século XIX, quando desfolhares aquelas páginas amarelecidas pelo tempo, tingidas de amor e poesia. Pensa em mim quando chover, sempre que fores apanhado desprevenido pela chuva a meio do caminho, lembra-te de mim a cantar à chuva, a sorrir para toda a gente. Lembra-te de mim sempre que tomares um chá quente de jasmim e ouvires música oriental. Pensa em mim sempre que estiveres numa estação em hora de ponta. Pensa em mim quando vires uma menina de cabelos escuros e ondulados a colher flores. Pensa em mim sempre que dançares música da New Wave. Lembra-te de mim de cada vez que conheceres alguém teimoso. Pensa em mim sempre que fores ao Quadradinho que um dia me mostraste. Não te esqueças de quando fomos segredo, de quando fomos amizade e por fim lembra-te de quando fomos amantes. Pensa em mim quando beberes chocolate quente. Lembra-te de mim quando te deitares na relva de um jardim. Pensa em mim quando falares de casamento. Recorda-te de mim sempre que olhares as constelações distantes. Ah! E por fim… Lembra-te de mim a esquecer-te, aproveita e esquece-me também!

Thursday, April 24, 2008

Thursday, April 10, 2008

Rock in Rio

Estas são as três principais razões pelas quais EU VOU!



Muse
A banda inglesa formada por Matthew Bellamy (voz, guitarra, piano), Dominic Howard (bateria) e Christopher Wolstenholme (baixo) surgiu na década de 90, influenciados por nomes como Jeff Buckley, Queen e Rage Against the Machine, entre outros.
O primeiro álbum "Showbiz", de 1999, com os singles "Muscle Museum" e "Unintended", foi bem recebido pela crítica. Dois anos depois lançam "Origin of Symmetry", que se transformou num grande sucesso e desencadeou uma digressão mundial.
Em Setembro de 2003 editam o terceiro álbum de originais - "Absolution" - que atingiu o primeiro lugar no top do Reino Unido. Os singles "Time Is Runing Out" e "Hysteria" foram os grandes temas deste álbum e tocaram incessantemente em rádios e televisões.
Em 2006 lançam "Black Holes and Revelations", cujo single "Supermassive Black Hole" chegou ao 5º lugar do top do Reino Unido.
Os Muse lançaram em meados de Março "HAARP", um CD e DVD gravados ao vivo no Estádio de Wembley, em Londres, que vem provar mais uma vez toda a força do trio bem como o cuidado que têm na preparação dos concertos ao vivo.
Actualmente a banda encontra-se a preparar o próximo álbum com saída prevista para meados de 2009. No dia 6 de Junho, o público do Rock in Rio-Lisboa vai poder assistir à única actuação europeia até ao final do ano daquela que é considerada uma das melhores bandas ao vivo do momento! (Não posso perder! =D )



Kaiser Chiefs
A banda britânica que pôs o mundo inteiro a cantar "Ruby" é composta por Ricky Wilson (voz), Andrew Whitey White (guitarra), Simon Rix (baixo), Nick Peanut Baines (teclado e sintetizador) e Nicky Hogson (bateria). Primeiro com o single de estreia "Oh My God" e mais tarde com "I Predict a Riot" conseguiram o reconhecimento nacional e internacional, abrindo caminho para o álbum de estreia.
Em 2005 lançam "Employment" que excedeu as expectativas de todos, crítica e fãs, colocando-os a par das grandes estrelas mundiais e com o qual ganharam três Brit Awards na edição de 2006: Melhor Actuação de Rock, Melhor Actuação ao Vivo e Melhor Grupo Britânico.
Dois anos depois tornam a surpreender com "Yours Truly, Angry Mob", um verdadeiro sucesso, cujo primeiro single "Ruby" tocou incessantemente no Verão passado, recebendo três nomeações para os Brit Awards 2008 em três categorias: Melhor Grupo Britânico, Melhor Actuação ao Vivo e Melhor Single Britânico com "Ruby".


Linkin Park
A banda da Califórnia formada por Mike Shinoda (MC, teclado), Brad Delson (guitarra) e Rob Bourdon (bateria), Joe Han (DJ, sampler), David "Phoenix" Farrel (baixo) e Chester Bennington (voz), fez-se notar logo no primeiro álbum. Em "Hybrid Theory" (2000) exploram a frustração, confusão, medo e raiva. O single "Crawling" ganhou um Grammy em 2002 na categoria Melhor Performance de Hard Rock.
Em 2003 sai o segundo trabalho, "Meteora", que foi um sucesso logo nas primeiras semanas. Já em 2004 juntam-se ao rapper Jay-Z e produzem o álbum "Collision Course" que recebe outro Grammy e criam a "Music For Relief" uma associação que se dedica a ajudar pessoas afectadas por desastres naturais.
Lançaram "Minutes To Midnight" o ano passado, uma co-produção de Mike Shinoda e do lendário Rick Rubin que já trabalhou com nomes como System of a Down, Slipknot e Red Hot Chili Peppers. O álbum foi descrito pelos próprios como uma metáfora para a morte e o renascimento, onde quebram certos padrões da banda ao experimentar tocar outros instrumentos com o objectivo de criar um novo som mas mantendo as características que os fãs identificam como sendo deles.

Wednesday, April 9, 2008

Reconhecimento :)

S O U N D L I F T

SoundLift (Pedro Miguel Martins from Oporto) is a new portuguese talent in the electronic music area, especially connected to Trance music. Through his career his tastes were sensitive to the search of a combination of classic melodies with very rhythmic tracks. The '98 Trance was the main reason to produce his own tracks.
Starting with no help in around 2005, he has been acquiring some knowledge that was proved as essential to the artist's actual creations. This new artist is a strong addict of the "electronic music revolution" in Portugal, where Trance is not strongly affirmed. During his learning process he did not gave up of the finishing part of production, the djing, which allowed SoundLift not only to produce music, but to show them in live sets. To highlight some of his new tracks, "Aranel" was edited by T2T and "Return of the Hero" was acquired by Bonzai Records. SoundLift's objectives are simple: demonstrate his ideas through his tracks, attract a lot of people to listen to his creations, create great atmospheres and give fun to people wherever these tunes are played and always learning with all his new experiences. This artist considers Trance the most enthusiastic way of achieving all of these goals.

soundlift

SoundLift - "Aranel" (original rise mix) 7:34

SoundLift

Buy soon @ AudioJelly, JunoDownload, Groovegate, DJTunes or Dancefuel.

T2TWB029 (09Oct2007)

Parabéns Pedro Miguel! Finalmente um pedaço de reconhecimento do teu enorme talento :) *

Tuesday, April 8, 2008

Formula meio Estúpida de Sentir!

Eu preferi assistir. Agarrei a minha cadeira e coloquei-me em primeira fila, vi-me em segundo plano a contrastar na tua própria cena. Desde o início que fiquei ali, queda e siderada, a ver-te mexer em todos os cordelinhos, a saber todos os teus próximos passos e promessas. Eu quis. E mesmo sabendo onde tudo isto nos iria levar eu mesmo assim quis assistir e participar submissamente, incrivelmente maravilhada pelo inesperado já profetizado. Eu preferi assistir até ao fim. Eu sangrei, eu ardi, eu explodi. Eu já disse que foi o que quis? Acho que sim… O tempo foi passando, e com o passar do tempo eu fui dilacerando, remoendo, enrugando, encolhendo. E tolerei e diverti-me e destruí o que havia à minha volta e deixei-me destruir só para te ver cair um dia. Tudo na tela a preto e branco. Tudo a cinzento. Cinzento... Cinzentos foram os dias nublados do meu ano de ouro, cinzentos foram os tons das roupas que usei, dos meus sorrisos que forcei, das minhas palavras. Cinzentas foram as minhas esperanças, cinzentas foram as cinzas do meu peito, foram as cinzas que abandonei. As cinzas que deixei repousar tantas vezes no meu cinzeiro. Cinzento... Haverá cor melhor? Melhor tonalidade do sentir que esta será que há? Não sei… Nunca provei outra até hoje.
Há os que controlam e os outros que são controlados... e são moda. Talvez eu quisesse ser moda, talvez, talvez eu quisesse deixar-me controlar sem nunca perder o controlo próprio. Passa nas notícias constantemente, e nós mudamos de canal. Talvez o futebol se prove mais interessante do que saber as verdadeiras razões que levam alguém a perder o controlo total. Ou talvez as pessoas saibam de antemão... Será que eu sabia? Talvez realmente ninguém queira saber porque no fundo todos sabemos o que é perder o controlo. O que me sugere conseguir manipular a minha completa perda de controlo, se nem sequer consigo encontrar a porcaria das aspirinas? Eu sei que as deixei ao pé das chaves e se fiz isso foi porque já sabia que a hora estava próxima. Aspirinas chegam... Um placebo chegava, preciso de simplesmente dar a algo a identidade de salvador. Não as encontro.
Ninguém pode assistir a uma cena que se classifica como O Degredo, mas eu preferi ser a primeira e a única a assistir. Aí no meu Degredo eu sentia-me bem e sentia-me livre e podia deixar a minha raiva ganhar forma enquanto esmurrava o chão e rezava pelo fim... Pelo fim e por aquele par de aspirinas, raios, onde é que eu as pus afinal!? Eu assiti. E foi ontem que tudo aconteceu…
Ontem mataram o Amor. Mataram o Amor! Houve quem tivesse a destreza e a desumanidade de matar o Amor. Eu sabia que o iam matar! Eu sabia… Bolas, como eu sabia desde o início! Estava na água que bebia. Estava no ar que respirava. Estava no sol que me aquecia. Estava na chuva que me molhava. Estava na frequência de todas as energias que me envolviam. Estava no brilho das estrelas que via preencher o vazio da escuridão celeste. Estava no sossego de um lar, um doce lar como todos anseiam chegar a ter. Estava na confusão de uma estação, nas despedidas, nas chegadas. Estava no sorriso de uma criança, no seu terno e inocente olhar. Estava num abraço de Mãe. Estava no beijo de dois amantes. Ele estava por todo o lado! E em todo o lado o olhavam com desdém e inveja. Eu sabia… Eu sabia que iriam matar o Amor.
Ontem mataram o Amor. Mataram-no… E eu deixei. Eu deixei. Merda!, eu deixei que matasses o meu Amor e nada fiz. Foi desde início. Foi até ao fim. Ontem mataram o Amor… Conseguiram…conseguiram desfazer-me e nem o silêncio da noite ajuda agora. Eu não vou sair de casa para comprar tabaco. Não vou sair de casa para ir a uma farmácia para arranjar as malditas das aspirinas. Não vou sair. Eu não vou sair. Eu não vou querer ver ninguém. Não vou querer falar. Não. Não. Não. Não quero mais. Eu já não acredito Nele. Já não acredito… Quero parar. Eu quero parar aqui. Ontem mataram o Amor. Quero nascer de novo. Eu quero ser outra que não eu. Porque o meu Amor era único e só eu o tinha. Eu quero parar aqui. Queria tanto parar aqui… Foi ontem, ontem o Amor morreu, quem o matou fui eu.

Sunday, March 30, 2008

Cap XIX, pag 14.

As palavras, mais uma vez, atingiram-me. Todos aqueles meus escudos de previsibilidade e auto-protecção caíram, as palavras apanharam-me desprevenida, como sempre me apanham. Bateram no peito com a força típica das frases imperativas, mas com os sentimentos nos quais adornamos com tanta ternura e afinco os pontos de interrogação. Acho que a um dado momento fiquei demasiado segura de mim mesma, determinada de que seria um estado permanente consequente dos teus actos patentes, que aquelas palavras me haviam tirado o balanço das pernas e a cabeça do ar. Eu, no meu espaço-tempo não encontrei nada para ripostar, não tinha argumentos nem factos que me ajudassem. Mas claro! Como podia eu? Se afinal tinhas tudo tão bem esboçado. Quando me dei conta o meu maxilar já se havia descolado de tal forma a ponto de sentir dor e sangue na boca.

"Eu acho que desta vez, Tu, estás confusa."

Como não encontrei nenhuma frase para me defender dessa, tive que recorrer ás falhas óbvias que a frase dele carregava. O verbo achar torna-se tão vago que eu fui-me defendendo e encostando ás premeditações que tanto fazia tuas e que sempre estavam correctas mais tarde, até que num golpe de mestria e destreza levei com as palavras em cima de mim e fiquei ali deitada no meu pensamento.

"Tu estás confusa."

Uma simples alteração gramatical e de repente todo o panorama me deixou prostada. Ali... incompleta de razões. A segurança que dava a mim própria colapsou e a dúvida gerada pelos teus actos e palavras avançou para exterminar o resto. De repente dei por mim no meio entre o certo e o errado, já sozinha da presença delemas acompanhada pela frase, se a frase estivesse certa eu teria de alterar todas as definições de sentimentos pois estariam erradas, e aí eu admito que o grande defeito meu é confundir a arte de sonhar por algo mais, o que apesar de possivelmente não ser o caso se provou demasiado incriminatório. Mas e se ele estiver errado, será que ele vai descobrir isso também? Se ele estiver errado e a minha confusão tivesse sido singular num caso de modo a que não possa ser generalizada, e não sendo generalizada será que ele vai olhar para mim num caso particular? Desculpa-me querido, mas não posso ter certezas quando as dúvidas são as armas...

Ele pode não estar certo e eu posso finalmente perceber que a carne é fraca e que fala pelo corpo como um só, pode realmente não ter toda a certeza quando eu sei o porquê de eu não estar bem numa vida tão madrasta, num mundo tão impróprio para consumo. Posso ainda sentir mazelas e nódoas negras de lesões antigas (e ele também) e isso deixa-me receosa de viver uma vida que ás vezes não pára para analisar e pensar em todas as pequenas coisas que existem apenas para embelezar a paisagem reinante.

“Eu não teimo, mas raios, sei o que está certo para mim!”

Ele pode estar errado pelo simples facto de eu em tudo o que faço ser acima de tudo verdadeira a mim mesma, e se sou relutante ao magoar um ser vivo, sou incapaz de desentrançar todos os emaranhos de fios que compõe o seu coração. Talvez queira ficar bem, mas desde quando isso passou a ser crime? E talvez goste mais do que aquilo que penso, mas se o faço é apenas com a intenção de o fazer ainda mais! As escolhas são o martelo que esculpe o carácter de uma pessoa. Talvez o que me irei lembrar mais destas últimas semanas é que estas foram doces, intensas, predeterminadas, instáveis, incertas e anti-dogmáticas. Nesta altura nada é certo... e mesmo que eu esteja errada isso não significa que ele esteja certo. E daquele momento de silêncio que acompanhou a minha cabeça entre operações cognitivas e dúvidas existenciais enquanto esta procurava respostas lúcidas, eu acredito piamente que não estou confusa porque senão eu não era nem tão forte nem tão determinada. Acredito também que gosto demasiado facilmente, quando me fascinam com alguma particularidade especial, mas não boemiamente e que isso não retira o mérito ao meu amor e romantismo próprios. No meio da dúvida eu preciso de um som, de uma melodia, de uma voz que me sussurre o que é certo e real. Eu não sei... Mas acredito que tu também não o possas afirmar...

O silêncio morre... E eu, durmo.

Saturday, March 29, 2008

Monday, March 24, 2008

R.I.P.

(It is a long wait)

Is there anything?

(For a touchable answer)

Worth looking for?

(Is there any news?)

Worth loving for?

(Is there any word?)

Worth lying for?

(Was there trauma?)

Is there anything?

(Or a struggle?)

Worth waiting for?

(Am I missing?)

Worth living for?

(Or was the body yet found?)

Worth dying for?


I'm dead, today *

[Yeah, one minute of silence, please. Today’s for me.]

Sunday, March 23, 2008

The life of two distant planets.

Venus: Where is this love? I can't see it, I can't touch it. I can't feel it. I can hear it. I can hear some words, but I can't do anything with your easy words.

Mars: Put your cold hands on my chest, feel my heart beating. Can you feel the beats? Can you hear the words that my heart whispers?

Venus: Sorry? There must be a problem with the connection, I stopped hearing you… Hello...? Mars, are you there?

Beep. Beep. Beep… Silence.

Friday, March 14, 2008

Cap XVIII, pag 2.

Estiquei-lhe a mão e perguntei-lhe com voz mélica e olhar irresistivelmente persuasor: “Não queres entrar no meu Mundo de Utopia? Vem viver comigo na vida dos meus sonhos. Tenho tanta felicidade planeada, só preciso de ti para a alcançar. Queres?”

Ela deu-me a mão e trocou o sorriso por um leve carregar de sobrancelha, com indignação mas ternura disse-me que também ela tinha um Mundo de Utopia que sempre havia sonhado partilhar. “Não posso ir contigo, tens que vir tu comigo.”

Respirei fundo, tentei acalmar o rasgão que ela havia provocado, a carne viva que deixara predominar no meu lado esquerdo do peito. Larguei-lhe a mão, o meu corpo foi incapaz de ficar paralisado à dor, a reacção que teve foi de repulsa, pelo menos controlei-a na voz. Dissimulei carinho e paciência no meu timbre e voltei a questioná-la: “Como podes saber que o nosso Mundo de Utopia não é o mesmo?”

Ela começou a chorar, com uma certeza tão imperial que moveu nela a maior força que ate ali eu próprio nunca vira em ninguém! Olhou-me com determinação e lágrimas a embaciarem-lhe aqueles olhos de criança-mulher e atingiu-me com as piores agulhas ao dizer: “Porque querido, se esse fosse o mesmo Mundo para ambos, nunca precisaríamos de perguntar, já estaríamos a vivê-lo desde o início.”

Ela secou as lágrimas e virou costas.

Thursday, March 13, 2008

Wednesday, March 12, 2008

There is a difference between damaged and broken.

He: Love really bores you!
She: No, it disappoints me…

Monday, March 10, 2008

E foi qualquer coisa como isto.

Porque nem interessavam já as noites mal passadas, recortadas de sonhos e impostas a silêncio e nicotina. Um choro desumano, um inquietante soluçar de criança abafado na almofada, era o meu. As lágrimas custavam a cair, envergonhadas ou simplesmente desaprendidas, porque a verdade é que eu já não sabia muito bem como chorar. Havia desaprendido, é provável que devesse estar mal habituada. Um corpo prestes a ser sugado pelo colchão, a ser engolido em peso bruto, espezinhado de frio em lençóis molhados de suor, era o meu. Agora interessava sim, o que adveio dessas insónias prescritas a marcador pela minha saudade tua. Era a tua ausência, e quando não era a tua ausência, era a tua presença. Eram os nervos, a irritação, a impaciência. Paranóia, dizias-me tu. Isto é paranóia. Pois então que seja. Fumei outro cigarro, pudesse ser que ela acabasse por desistir de mim. Encarnei no cigarro que fumava, queimava-me lentamente e via-me expirar em breves minutos. Sobrava de mim fumo e cinza. O resto… o resto era uma beata morta, esmagada contra o cinzeiro. Enroscava-me até ao pescoço, fechava as pálpebras cansadas. Ontem fechava o peito, para a saudade não o magoar mais. Fechei-o como quem fecha um maço. Satisfeita só até ao próximo desejo.

Tuesday, February 26, 2008

Gelo quebradiço que Sente como Fogo incandescente.

Corroer-me de mim, para ti, visceralmente corroendo de mim o muito do ‘me’ que é meu, para fora de mim, para ti que és meu e que não me és nada. Ser tua e não me ser nada. Ver-me verter, derreter sem fim, e ainda ter a petulância de tentar sorrir.Que estes elementos do sentir me aniquilem, que este fumo me arda, e que esta sequidão me afogue, que este calor me congele e me parta! Partir-me em pedaços, quebrar-me, estilhaçar-me aos bocados, com uma audácia mais fatídica do copo de cristal que cai ao chão. Estar num chão que não é chão, mas que é espaço, espaço onde eu possa sair de um corpo que aluguei nestas últimas dezanove primaveras. E é deprimente de facto, é quase ignaro o facto de me destruir mecanicamente e de livre arbítrio pessoal, como se de uma sentença profética se tratasse. Sejas tu quem fores, isto é para ti. Sou tua. És meu. Que o tempo seja nosso e não seja de ninguém senão de dois seres fictícios como nós mesmos! És-me perene e sou-te perene numa perpetuidade feérica de qualquer ser que consegue ser-se.

Um dia aprendes.

Depois de algum tempo aprendes a diferença, a subtil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma. E aprendes que amar não significa apoiar-se, que companhia nem sempre significa segurança, e começas a aprender que beijos não são contratos, e que presentes não são promessas. Começas a aceitar as tuas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança; aprendes a construir todas as tuas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão. Depois de um tempo aprendes que o sol queima se ficares exposto por muito tempo, e aprendes que não importa o quanto tu te importas, algumas pessoas simplesmente não se importam... aceitas que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai ferir-te de vez em quando e tu precisas de perdoá-la por isso. Aprendes que falar pode aliviar dores emocionais, e descobres que se leva anos para se construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que tu podes fazer coisas num instante, das quais te arrependerás pelo resto da vida; aprendes que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias, e o que importa não é o que tens na vida, mas quem tens na vida, e que bons amigos são a família que nos permitiram escolher. Aprendes que não temos que mudar de amigos se compreendermos que eles mudam; percebes que o teu melhor amigo e tu podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos. Descobres que as pessoas com quem tu mais te importas na vida são tomadas de ti muito depressa, por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas; pode ser a última vez que as vemos. Aprendes que as circunstâncias e os ambientes tem influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos. Começas a aprender que não se deve compará-los com os outros, mas com o melhor que pode ser. Descobres que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto. Aprendes que não importa onde já chegaste, mas para onde vais, mas se tu não sabes para onde vais qualquer lugar serve. Aprendes que ou controlas os teus actos ou eles te controlam, e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados. Aprendes que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as consequências. Aprendes que paciência requer muita prática.
Descobres que algumas vezes a pessoa que tu esperas que te chute quando cais é uma das poucas que te ajudam a levantar; aprendes que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que aprendeste com elas do que com quantos aniversários celebraste; aprendes que há mais dos teus pais em ti do que supunhas; aprendes que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são tolices; poucas coisas são tão humilhantes... e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.
Aprendes que quando se está com raiva se tem o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel. Descobres que só porque alguém não te ama da maneira que tu queres que ame não significa que esse alguém não te ama com tudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso. Aprendes que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém; algumas vezes tens que aprender a perdoar-te a ti mesmo. Aprendes que com a mesma severidade com que julgas, serás em algum momento condenado. Aprendes que não importa em quantos pedaços o teu coração foi partido, o mundo não pára para que o consertes. Aprendes que o tempo não é algo que possa voltar atrás, portanto, planta o teu jardim e decora a tua alma ao invés de esperar que alguém te traga flores, e tu aprendes que realmente podes suportar... que realmente és forte e que podes ir muito mais longe depois de pensar que não podes mais. Descobres que realmente a vida tem valor e que tu tens valor diante da vida! As nossas dúvidas são traidoras e fazem-nos perder o bem que poderíamos conquistar, se não fosse o medo de tentar.

William Shakespeare