Acordei de manhã com uma estranha luz forte que entrava pelas frinchas da persiana da janela. A sair do quarto reparei que na cómoda estava um papel escrito a azul:
Dormes como um anjo.
Nada mais. Reconheci a caligrafia, questionava-me era como é que aquilo fora ali parar! Arrastei-me para a casa de banho e deixei correr um fio de água. Lavei a cara, olhei-me ao espelho e senti-me algo tonta. Molhei os pulsos, a água escaldava nas minhas mãos, mas sentia frio pelo corpo todo. O meu frio vinha de dentro, não tinha nada que ver com a temperatura exterior. Era como se a minha alma estivesse entalada numa corrente de ar gelado. Como se uma parte de mim se estivesse a rasgar, faltava algo em mim que fosse suficientemente forte para me cobrir e proteger. Talvez sentisse a falta de um abraço, talvez… Não sei especificar. Minutos depois meti-me no carro e comecei a conduzir até a tua casa. Olhei o relógio. 7:15, do 6 de Abril. Era demasiado cedo para te acordar e demasiado tarde para te dizer que ainda ias a tempo de me recuperar. Deixei então um bilhete à tua porta e nele dizia:
Partir numa pestanejada dói.
E muito. A minha dor começa aqui.
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