Tuesday, February 26, 2008

Gelo quebradiço que Sente como Fogo incandescente.

Corroer-me de mim, para ti, visceralmente corroendo de mim o muito do ‘me’ que é meu, para fora de mim, para ti que és meu e que não me és nada. Ser tua e não me ser nada. Ver-me verter, derreter sem fim, e ainda ter a petulância de tentar sorrir.Que estes elementos do sentir me aniquilem, que este fumo me arda, e que esta sequidão me afogue, que este calor me congele e me parta! Partir-me em pedaços, quebrar-me, estilhaçar-me aos bocados, com uma audácia mais fatídica do copo de cristal que cai ao chão. Estar num chão que não é chão, mas que é espaço, espaço onde eu possa sair de um corpo que aluguei nestas últimas dezanove primaveras. E é deprimente de facto, é quase ignaro o facto de me destruir mecanicamente e de livre arbítrio pessoal, como se de uma sentença profética se tratasse. Sejas tu quem fores, isto é para ti. Sou tua. És meu. Que o tempo seja nosso e não seja de ninguém senão de dois seres fictícios como nós mesmos! És-me perene e sou-te perene numa perpetuidade feérica de qualquer ser que consegue ser-se.

5 comments:

Anonymous said...
This comment has been removed by a blog administrator.
Anonymous said...
This comment has been removed by a blog administrator.
Edu said...

Olha desculpa estar se calhar a ser um bocado bruto , ate por que o texto como sempre é maravilhoso , mas se calhar é do tempo ou da lua não sei...Mas seres ficticios porque, porque não experimentas agarrar, se calhar é mais real do que pensas? O silencio por vezes pode ser belo e mais forte que qualquer palavra, mas porque é que existe tanto medo em falar aquilo que sentem?
bem é apenas um desabafo.
Abraço

silêncio said...

Não existe o medo em se dizer o que se sente, existe o medo de ser sentido em porporções diferentes às que são sentidas por nós próprios. E estes são seres ficticios porque são seres que já nao se vêm na realidade dos dias que correm, quase como se fossem arrancados das páginas de um romance ancestral. É bom pensar assim :) quanto mais não seja no nosso mundo de utopia e de lirismo virtual.

Edu said...

Sim as personagens podem ser ficticias e já nem sequer pertençam ao elenco das paginas da tua vida, mas os sentimentos esses são sempre reais.Continua a deita-los cá para fora, pois estou adorar ler o que sentes.
bju