Saturday, January 26, 2008

Foi a plena felicidade do Destino.

Dançamos pela primeira vez como se fosse a última. Beijamo-nos a pensar que seria o primeiro de muitos beijos, quando aquele afinal havia sido o nosso último. E foi com um deambular quase que moribundo que nos arrastamos dali. A noite não era mais uma criança, a manhã fria já abraçava o rebordo do carro que tão atentamente ele conduzia. Eu olhava em frente e as estradas pareciam não terminar, provavelmente naquela hora seria a minha consciência que estava a delinear o chão. O infinito, traçava-o eu. Sim, é verdade, não queria ver o finalizar daquele amanhecer. Não queria que me largasse a mão por muito mais do que aqueles singelos segundos, enquanto a tirava de mim para alterar as mudanças do carro. E eu quero recordar-me, quero recordar-me daquela manhã sempre com aquela sensação de que não haveria um dia seguinte. Que quando aquele percurso findasse, também a nossa vida deixaria de existir. Como se embatêssemos com violência contra a parede do infinito, bem de chapa! E no impacto da batida, os nossos corações paravam. Eu, inexplicavelmente, ainda tinha tempo de o olhar uma ultima vez… a vontade de me despedir do seu corpo era o que mais berrava dos meus olhos para os seus. Sentia de repente a minha cabeça bater no porta-luvas, e o meu cabelo a ficar molhado por um quente verter vermelho escuro. Sentia-me a adormecer, embalada no cantar silencioso da sua placidez, estava a desligar enternecida pelo sentir que ambos partilhávamos desde sempre. O infinito findara. Eu sorria… sorria com brandura, enquanto me sentia ir embora.

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