Friday, June 22, 2007

Love is...

Triste é ver que agora o amor é uma espécie de buffet, olhamos à volta, tiramos o que queremos e deixamos abandonado, numa qualquer prateleira, o que não nos interessa.Como há muito produto para este novo tipo de clientela, a escolha é fácil e rápida. Não há tempo a perder! Como em tudo. O amanhã chega rápido demais e aí já estaremos preocupados com uma nova selecção.…

Bem, só vejo uma vantagem, aqui dificilmente se formam filas.

Saturday, June 16, 2007

Queria... Mas...

Eu queria ser alguém, não sei quem, mas não me deixam.

Queria ir, não sei para onde, mas tiraram-me o lugar.

Queria gritar, não sei a quem, mas calaram-me a voz.

Eu queria amar, não sei quem, mas arrancaram-me o coração.

Queria viver, não sei porquanto, mas mortalizaram-me o corpo.

Queria partir, não sei quando, mas encobriram-me o destino.

Sunday, June 10, 2007

You’re still my favourite one

Foi aqui que tudo começou.
Vi-os pela primeira vez neste videoclip, há já alguns aninhos atrás.
Para mim, todo o álbum Parachutes está de uma incomparável doce melancolia.
A Trouble continua a ser a minha música preferida dos britânicos Coldplay, por tudo o que ela me recorda, por tudo o que ela me faz sentir sempre que a ouço.

'I never meant to cause you trouble,
And I never meant to do you wrong,
And I… well if I ever caused you trouble,
Oh no, I never meant to do you harm.'


Monday, June 4, 2007

Turn on the signal

E aqui, não sou somente a princesa, mas sim a rainha…
A rainha deste meu planeta inventado, a guardiã da minha sanidade mental… ou insanidade talvez. Bem, pelo menos da minha sanidade física sou uma tutora capaz. Conservo o corpo intacto, impecavelmente inteiro, harmoniosamente unido; ao contrário da minha cabeça, essa que está aos bocados e se mantém suspensa apenas pela força do meu pescoço. Uma mente despedaçada, assim como o coração, assim como a alma e o espírito… Bah! Mas não dará tudo ao mesmo? Não importa. Importa sim o que esperam de mim neste trono, os feitos consequentes do pedestal onde ingenuamente me colocaram, achando-me capaz de governar… (oxalá o fosse!) Julgavam-me bondosa, merecedora de muito mais que a dor a que até então vinha a colher. Fizeram do chão que piso tapetes vermelhos. Sou da realeza dizem-me… Não, eu sou A realeza! Pois sinto-me a única realeza reinante! Que cegos foram… que cega me deixaram.
Aceno tranquila e arrogantemente, em volta a multidão saúda-me, aplaude-me como se fosse o seu Deus supremo. E que fiz eu? Não importa. O sabor do domínio é doce e eu respondo àqueles olhares de súplica e submissão com uma mirada de altivez, cuspindo beijos hipócritas ao ar acima das suas cabeças. Enquanto caminho sinto-me desfalecer. Ao carregá-lo, o esqueleto curva-se de tão pesado que o meu ego se encontra, o corpo queixa-se e tropeça pela sua dimensão ridiculamente descomunal! As pernas tremem e eu finalmente caio no chão. Respiro o cheiro da alcatifa vermelha e o cheiro não é diferente de um qualquer outro chão. Não cheira a perfume de majestade, a rosas colhidas numa manhã fresca de primavera, ou a uma essência qualquer importada de Paris, mas sim a lama. Um cheiro a podre e humidade que incomodava as minhas narinas imperiais. De nada me adiantou cair em solo soberano.

Disseram-me, com carinho e somente boas intenções, que com o poder eu iria crescer ainda mais! Insaciada pela ambição de um dia vir a ser adulta acreditei. E até aqui, só minguei… Tenho vindo a encolher. A encolher tal como a Alice no seu Pais das Maravilhas. O meu castelo, o fabuloso castelo que me ofereceram, desmorona agora como se feito de um baralho de cartas. Ao mínimo sopro desaba por completo, assim como o meu corpo mirrado, esmagado pela grandeza e robustez do meu ego. Este meu ego tanto cresceu que o reino que me criaram não resistiu. Explodiu. E eu… o que restou de mim, já não me agrada mais.

É assim… É assim que conseguimos matar alguém por amor.


[ you know the way that things go
when what you fight for starts to fall
and in that fuzzy picture
the writing stands out on the wall
so clearly on the wall

send out the signals deep and loud

and in this place, can you reassure me
with a touch, a smile - while the cradle's burning
all the while the world is turning to noise
oh the more that it's surrounding us
the more that it destroys
turn up the signal
wipe out the noise

send out the signal deep and loud

man I'm losing sound and sight
of all those who can tell me wrong from right
when all things beautiful and bright
sink in the night
yet there's still something in my heart
that can find a way
to make a start
to turn up the signal
wipe out the noise

wipe out the noise
wipe out the noise
you know that's it
you know that's it
you know that's it
receive and transmit
receive and transmit
receive and transmit
you know that's it
you know that's it
receive and transmit
you know that's it
you know that's it

receive and transmit ]

Foi assim que me mataste e o silêncio, esse, morreu comigo, num simples acto de companheirismo ou de solidariedade.
Eu era especial e bondosa, havia sofrido sim, talvez por isso merecesse agora muito mais que dor…talvez. Sim, tudo isso era verdade meu bem, mas ter-me-ia contentado com o cargo de princesa.

[Pela primeira e última vez, tudo se tornou barulho.]

Música de Peter Gabriel: signal to noise.

Sunday, June 3, 2007

Assim não!

Numa conversa entre amigos surge uma pergunta: “Mas afinal qual é o teu escritor favorito?”
Bolas, considero uma pergunta completamente desnecessária no mundo das artes! Aqui não podemos ser radicais e extremistas ao ponto de apontar: “Ah e tal… o meu preferido é X.” (…) “É por isso que nunca seria capaz de aprovar o Y.”
E é assim que se faz do primeiro, um autêntico iluminado e do segundo um ignorante. Não nos podemos apaixonar por um autor e prometer-lhe eterna fidelidade!
Tal como Miguel Torga já o dizia: ”Esta simples coisa de gostar simultaneamente da obra de dois escritores, é impossível aqui. A paixão duma exclui a outra. Ou se é por Fulano, ou por Sicrano.”
E é que depois para contrapor com mais alguns argumentos acaba por se elogiar um e repudiar o outro, como se ambos não tivessem análogo valor! Como se fossem de mundos diferentes, quando este é só um: a Arte da Literatura Portuguesa.
Posteriormente, para terminar o seu comentário, finaliza com uma expressão do tipo: “E é por tudo isso que gosto mais de X!”.
É o cúmulo… honestly... Ou se ama ou se odeia?! Porquê?
Tudo bem que cada obra se diferencia de outra, que há formas de escrita divergentes, mas no entanto estão todas dentro do mesmo “saco” e merecem respeito simplesmente pelo facto de terem sido criadas! O esforço do combate de criar não é louvável? Mesmo que os valores das obras se diferenciem não podemos ignorar os outros "concorrentes".
E será que alguns destes autores têm de se submeter a estes pseudo-críticos? Não há exclusivismo na Arte! Não a menosprezemos só porque essa, em particular, não nos encanta.